sexta-feira, 24 de abril de 2015

Um Pé em cada Canoa...

Pesquisando na Internet deparei com este texto o qual concordo em gênero, número e grau. As religiões afro-brasileiras estão cada vez mais sincretizando, no plural o já, absurdo sincretismo que casas de culto ao Orixá Tradicionais lutam tanto para se retornar às raízes, assim sendo tomo a liberdade de publicar neste meu Blog um texto do Autor:Babalawo Ifagbaiyin Agboola. Que se segue abaixo intitulado "Colcha de Retalhos":

Constantemente sou procurado por pessoas que alegam que suas vidas estão paradas e que os resultados esperados por elas com a religião, não aconteceram.

Primeiramente casa de orixá não é agencia de emprego e muito menos é consultório destinado a tratar de problemas sentimentais.

Quando vou visitar a casa de muitos dos que se dizem com problemas espirituais já na chegada eu me surpreendo quando alguém que cultua orixá tem um assentamento de exu tranca rua e uma pomba gira.

Quase sempre encontro o famoso assentamento do caboclo, como se isso existisse, além de uma bandeira branca hasteada para tempo.

Em um diálogo com o dono da casa descubro que ele se incorpora com um baiano, um exu catiço, um caboclo e evidentemente não poderia faltar um cigano, além do primeiro orixá, do segundo etc e etc

Alguns moram em apartamentos e conseguem reunir tudo isso, outros mesmo morando em casas espaçosas conseguem fazer uma tal colcha de retalhos que é de surpreender que ainda se encontrem lúcidos.

Se a casa é de culto a orixá necessita ter exu de orixá, evidentemente não tem bandeira branca porque isso faz parte do culto a Inquice.

Além disso fica estranho que caboclo sendo parte da religião conhecida como umbanda, tenha assentamento, a imaginação e a criatividade de alguns criou regras inquebrantáveis para outros.
A expressão conhecida como bola da vez está sendo usada nesse memento para o ifá, não comparando, é o último pedaço de retalho na colcha da ignorância.

Depois querem os menos avisados que tudo isso funcione em seus benefícios, desconhecem eles as regras básicas que se aplicam quando temos discernimento e coerência.

O que me deixa estarrecido diante de tais absurdos são as acomodações feitas onde os supostos espiritualistas se incorporam com trezentos entidades e nenhuma delas os avisa que estão fazendo maluquices.

Será que eles recebem algum espirito mesmo?

A mistura de cultos afro-brasileiros com superstições europeias e ritos católicos, me faz imaginar o resultado final, decepção além de perda tempo e dinheiro.

Mas como dizem os sábios de plantão, cada um é rei em sua casa e pode fazer a colcha com os retalhos coloridos que quiser.

Os laboratórios estrangeiros agradecem com suas contas bancarias satisfeitas, eles seguem vendendo para os brasileiros todo tipo de drogas.

Para acreditar em alguém que joga búzios, joga cartas de tarô, consulta runas e se incorpora para dar consulta, só tomando remédio para labirintite.

É lamentável mas grande parte do povo gosta disso, de fitinha do Bonfim no pulso, a pular sete ondas e comer lentilha na entrada do ano, cada um acredita no que quer, só não vale culpar os orixás ou querer mágica.

terça-feira, 7 de abril de 2015

OLOOOGUNEDE




OLOOOGUNEDE

Orisà masculino. É a beleza em pessoa. O encanto dos jovens, o namoro, o flerte, a ingenuidade do jovem, a adolescência. É a divindade dos rios, senhor da pesca, que vive seis meses com o pai, Òsóòsi, nas matas caçando e seis meses com a mãe, Òsún, nas águas doces pescando. Está presente no brilho do olhar, no perfume das flores. Porém encontramos também na intriga, no segredo maldoso, pois ele é capcioso, matreiro, inventivo, meio moleque, mas rege fundamentalmente o carinho, o gesto meigo, o afago, pois, trata-se de um Orisà extremamente dengoso, mimado, dependente, ciumento, singelo e manhoso. Logunedé ou Logun Edé, é um orixá africano que na maioria dos mitos costuma ser apresentado como filho de Oxum Ipondá e Oxóssi Inlè ou Érinle. Segundo as lendas, vive seis meses nas matas caçando com Oxóssi e seis meses nos rios pescando com Oxum. É cultuado na nação Ijexá como sua mãe, mas também nas nações Ketu e Efan, sendo o seu culto muito difundido no Rio de Janeiro.


Logunedé - escultura de Carybé em madeira, em exposição no Museu Afro-Brasileiro, Salvador, Bahia, Brasil

No entanto, existem outras versões acerca de sua filiação. Se na maioria dos mitos, Logunedé surge como filho de Oxum e Oxóssi, em outros, um pouco mais raros, aparece como filho de Ogun e Iansã. Há, ainda, histórias que contam a lenda de Logunedé como filho desses quatro Orixás, apresentando-o como nada mais, nada menos que uma representação dos Orixás Gêmeos, Ibeji. Simultaneamente caçador e pescador, Logunedé é o herdeiro dos axés de Oxum e Oxóssi que se fundem e se mesclam como mistério da criação, trata-se de um orixá que tem a graça, a meiguice e a faceirice de Oxum à alegria, à expansão de Oxóssi. Se Oxum confere a Logunedé axés sobre a sexualidade, a maternidade, a pesca e a prosperidade, Oxóssi lhe passa os axés da fartura, da caça, da habilidade, do conhecimento. Essa característica de unir o feminino de Oxum ao masculino de Oxóssi, muitas vezes o leva a ser representado como uma criança, um menino pequeno ou adolescente, formando mais uma tríade sagrada na História das religiões. Com Logunedé, completa-se o triângulo iorubá pai, mãe e filho que também se repete nas trilogias católica (Pai, Mãe e Espírito Santo), egípcia (Ísis, Osíris e Hórus), hindu e tantas outras.
Como símbolo da pureza, muitas vezes Logunedé também é visto como um ser andrógino. Ao contrário do que muitos pensam Logun Ede não é de características masculina e feminina, não é bissexual. Na verdade possui uma grande relação com Òsun, sua mãe e com Erinlé, seu pai, trazendo consigo a personalidade desses dois Òrìsà e algumas características marcantes, mas nada que o transforme em um hermafrodita que durante seis meses é Oboró e seis meses Ìyábá como algumas pessoas assim o dizem e usam deste artifício para denotações homossexuais. Existem templos para Logun Ede em Ilesa, seu lugar de origem, onde em alguns itans é citado como um corajoso e poderoso caçador, que tamanha coragem é relacionada a de um leopardo. Casado com três esposas. De culto diferenciado e totalmente ligado ao culto a Òsun, é um Orisa de extremo bom gosto. Seus objetos devem permanecem junto aos assentos de Osun e sempre quando agradado devemos agradar sua mãe. Tem predileção ao dourado, é um Orisa muito vaidoso, é considerado o mais elegante de todos os Orisas. De Òsun, sua mãe, Logun Ede herdou o lado belo e vaidoso. Pois Òsun lança mão de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais reverenciada. Deusa da fertilidade, na Nigéria é dela o rio que leva o seu nome e no Brasil dela são as águas doces dos lagos, fontes e rios. Água que mata a sede dos humanos e da terra, que assim se torna fecunda e fornece os alimentos essenciais à vida. Òsun menina dengosa, passando pela mulher irresistível até a senhora protetora, Òsun é sempre dona de uma personalidade forte, que não aceita ser relegada a segundo plano, afirmando-se em todas circunstâncias da vida. Com seus atributos, ela dribla os obstáculos para satisfazer seus desejos. De Erinlé, seu pai, Herdou o dom da caça, pois Erinlé é da família dos Ode e seu símbolo é o ofá, a lança de caça e o ogue. Erinlé é a representação do desenvolvimento do homem, conhece os segredos da caça,     também símbolo de prosperidade e formação de comunidades. Ele busca o alimento com coragem e é considerado o guerreiro das matas, é corajoso, viril e Logun-odé tem estas características, é um Òrìsà guerreiro. Mas se, em várias tradições, ele é considerado um orixá masculino, em algumas é confundido com a homossexualidade ou a bissexualidade, o que ocorre quando se interpreta ao pé da letra o mito que afirma viver Logunedé seis meses como homem e seis meses como mulher. Na verdade, a interpretação mais aceita seria que essa se trata de uma metáfora para falar dos axés herdados por ele de seus pais, Oxum e Oxóssi. Após ser abandonado e viver com Ogum, aprende com ele as artes da guerra e da metalurgia. É coroado por Iansã como o príncipe dos Orixás. É amigo íntimo de Yewá, seriam eles os Orixás que se complementam, considerados o par perfeito. Num mito raro, Logunedé se perde no caminho entre as casas de Oxum e Oxóssi, é encontrado pelo velho Omolu que o ampara e protege. Com Omolu, Logunedé aprende a arte da cura e a feitiçaria. O seu primeiro nome, Logun, no Brasil se mesclou ao segundo, Edé, nome da cidade iorubá na qual o seu culto se fortaleceu, formando Logunedé. Logun pode ser uma abreviatura de Ologun que, em iorubá, quer dizer feiticeiro. Então, feiticeiro, caçador, pescador, príncipe guerreiro, esses são alguns títulos, alguns epítetos dados à Logunedé. Para Mãe Menininha do Gantois, "Logun é santo menino que velho respeita". Costuma ser cultuado no candomblé, mas não na umbanda.
Características:Logun-Edé é o Orixá originado do encanto, ou encantamento de Osossi e Osun. Divindade dos rios, senhor da pesca. Logun-Edé vive seis meses com o pai, Osossi, na caça e seis meses com a mãe, Osun, na água doce. Ambos ensinariam a Logun-Edé a natureza dos seus domínios. Logun-Edé não é um Orixá “metá-metá”, ou seja, um Orixá de dois sexos, embora divida o tempo com os pais, Logun-Edé é um Orixá masculino. Ele é a beleza em pessoa, o encanto dos jovens, o namoro, o flerte. Rege a ingenuidade do jovem, a adolescência, a beleza adolescente. O seu encanto está no primeiro beijo, no primeiro abraço, no primeiro carinho. Está presente no brilho do olhar, no perfume das flores e numa paisagem singela. É também o deus da arte, o príncipe do que é belo, das águas doces, da caça, da alegria. Logun-Edé está encantado nos pequenos animais, como o coelho, o porquinho-da-índia e os pequenos pássaros, no mato baixo, nas matas pouco densas e principalmente nos rios, sua morada predileta. Está ligado às artes de pintar, esculpir, escrever, dançar, cantar; como o seu pai Osossi e ligado ao banho, pois também é filho de Osun, deusas das águas doces.
Mitologia: Filho de Òsóòsi Iboalama com Òsún Ye Ye Ponda. Olooogunede, sempre foi considerado como Príncipe, filho de reis. Menino arisco, teimoso, levado, brincava sempre além dos limites da regência de sua mãe, a cachoeira. Porém era admirado por todos e muito querido também.
Precauções: Tomar cuidado com acidentes, mar, fogo e mata fechada.
Elemento: Terra / Água.
Dia da Semana: Quinta-feira e Sábado.
Semana Yorubá: Ojo Isegun.
Cor: Azul claro com Amarelo ouro.
Saudação: Olu a ô lê riki.
Adorador: Omo Logun.
Metal: Platina e Ouro.
Mineral: Coral.
Pedra Preciosa: Topázio e Brilhante.
Profissão: Jornalismo, Arquitetura, Artes em geral.
Força da Natureza: Lua, Rio e Cachoeira.
Poder: Rege os navegantes – é representado pelo peixe marinho, arco com ferramentas do mato, caça e pesca.
Fruto: Banana prata, cacau e obí.
Flor: as mesmas oferecidas à seus pais.
Comida Seca: Asosò (milho de galinha), Omolokun (feijão fradinho e ovos de galinha cosidos)com peixe de escamas assado por cima.
Aves: Galo e galinha, galinha de angola, pombo.
Quadrúpede: Bode, Cabra e caça.
Èèwò: Carneiro, Peixe de pele, a cor vermelha e a marrom, abobrinha, feijão branco, sendo que este último èèwò é para todo o povo da Nação Ketú.
Símbolos: Capacete, capanga, chifres de boi, arco e flecha, leque.
Indumentária: Azul turquesa, amarelo ouro, rosa e branco.
Ritmos: Batá, Agere, Ego, Adahun, Ìjèsà.
Folhas: as mesmas de Òsóòsi e Òsún.
Arquétipo: Bonitos e de trato fácil – orgulhosos de sua beleza – são eternamente jovens, mulherengos, calmos, educados, ciumentos e individualistas, pão – duros, narcisistas, egoístas, o que é seu é seu, vaidosos, gostam de demonstrar grandeza, quando vêem roupa cara e outra barata, compram a mais cara. Geralmente são alcoviteiros, mentirosos, teimosos, descansados, matreiros, enganadores, fofoqueiros. São ladinos, espertos e, vez por outra, inconvenientes. Além disso, tudo absorve também o arquétipo dos pais, sendo visivelmente, a cada seis meses a influência de um e depois do outro.
Cargos no Ilé Olooogunede: Por não existir uma casa especifica desse Orisà nos terreiros de candomblé ele pode a vir assumir cargos nos ilés de seus pais.

Sincretismo: Sào Miguel Arcanjo.       

O segredo de Oxum



O nascimento de um rio não acontece quando a água brota do solo e segue pela superfície da terra. Antes disso, uma seqüência de fatos desencadearam e influenciaram esse processo. Existe por traz do nascimento de um rio um enorme fundamento.

Primeiro, Olorum através do Sol, aquece a água dos lagos e oceanos. Oxumarê com seu arco-Íris, leva a água em forma de vapor para as nuvens que ficam carregadas. Xangô anuncia com seu trovão, que Iansã está juntando ás nuvens com o vento mágico que surge quando ela balança suas saias.
Quando as nuvens estão todas arrumadas, Xangô lança o Edun-Ará (pedra de raio) sobre a terra avisando a Odudúa que prepare seu ventre, pois a chuva irá cair. Ossãe pendura suas cabaças em Iroko para conter o líquido maravilhoso da vida.

O momento sublime acontece. Numa sintonia perfeita de toda a natureza, a chuva cai, trazendo consigo toda força do céu e alimentando toda a terra. Odudúa absorve todo o líquido e cria um enorme lago no interior da terra, seu ventre. Quando a água acumulada se enche de força mineral (axé), Odudúa abre seu ventre e da vida à majestosa Oxum, que brotará do solo e deslizará sobre seu leito levando vida por toda a superfície da terra. Mais a  frente água se acumulará de novo e tudo começará novamente.

Assim como a vida de Oxum tem o seu segredo, nós negros e negras também temos o nosso. A nossa história não começa em 1500 com a chegada dos portugueses no Brasil. Antes disso, uma seqüência de fatos marcaram e até hoje influenciam nossas vidas. Existe por traz do aparecimento do povo negro no Brasil um enorme fundamento.
Não somos descendentes de escravos, como dizem os livros escolares. Somos descendentes de civilizações africanas, de reinados fortes e poderosos. Somos descendentes de reis, rainhas, príncipes e princesas. Somos parentes de homens e mulheres que desenvolveram a escrita, a astrologia, a numerologia, às ciências e as pirâmides. Somos fruto de um povo que desenvolveu as técnicas agrícolas e que domina a medicina alternativa. Somos fruto de um povo que conhece as folhas e como despertar o poder delas, nosso povo sabe estar no Aiyê (Terra) sem perder a essência do Orum (Céu).



Matéria de Ricardo Andrade
Publicada na Edição 11 do Jornal Folha Popular
Municipio de Lauro de Freitas - Bahia


Qualidades de Oxum:


1) Abalu (a mais velha de todas) - ABALÔ (carrega Ogum e uma Iansã)
2) Jumu ou Ijimu (a mãe de todas, estreita ligação com as Ìyámi)
3) Aboto ou Oxogbo (feminina e coquete, ajuda as mulheres terem filhos) Xangô
4) Opara (a mais jovem e guerreira) ( Ogun, Oyá, Omolu, Oxumarê)
5) Ajagura (guerreira) ( Ogun )
6) Yeye Oga (velha e enquizilada) ( Omolu)
7) Yeye Petu - ( Oxossi, Yemanjá))
8) Yeye Kare (guerreira) ( Oxossi, Ogun)
9) Yeye Oke (guerreira) ( Oxossi)
10) Yeye Onira (guerreira) ( só usa branco Oxaguian)
11) Yeye Oloko (vive nas florestas) (Ossain, Odé)
12) Yeye Iponda (esposa de Oxóssi Ibualama, guerreira e porta um leque)
13) Yeye Merin ou Iberin (feminina e coquete) ( Xangô)
14) Yeye Àyálá ou Ìyánlá (a avó, que foi mulher de Ogum)
15) Yeye Lokun ou Pòpòlókun (que não desce sobre a cabeça de suas filhas)
16) Yeye Odo.