CHEGADA DOS POVOS AFRICANOS AO BRASIL E SUAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS:
< ÁFRICA >
1. SUDANESES {África Ocidental – (“Mina”)}: > FANTI >
> Fanti-Ashanti (Maranhão – Pai Euclides).
> ASHANTI >
> Jeje Mahin (Bahia);
> EWÊ – FONS > > Jeje Mina (Fon) (Maranhão); (Jejes) > Jeje Savalú(Recôncavo Baiano)
> Ilê Axé do Gantois;
> YORUBAS > Bahia > Barroquinha > Queto > Ilê Axé da CasaBranca:
(NAGOS) > Ilê Axé Opô Afonjá;
> Alaqueto = Queto > Iyalorixá Olga do Alaqueto;
> Ijexá;
> Efã;
> Egungun (Antepassados) – Ilha de Itaparica;
> Rio Grande do Sul > Oyó – Ijexá (Batuque);
> Pernambuco > Egbá (Xangô de Recife).
2. BANTOS > > ANGOLA;
(Sul) > CONGO;
> MOÇAMBIQUE;
> CAMBINDA;
> Candomblé de Caboclo;
< RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS >
Século XIX > Candomblé > Bahia;
Xangô > Pernambuco;
Tambor de Mina > Maranhão;
Batuque > Rio Grande do Sul;
Macumba > Rio de Janeiro > (Candomblé – Bantu) >
Catimbó - Jurema (Índígena-Africana) >
Século XX > Umbanda > Omolocô.
> Quimbanda > parte da Umbanda que cultua os Exus e Pomba-giras.
______________________________
Kardecismo: apesar de não ser de uma religião afro-brasileira; está como uma das origens da Umbanda.
segunda-feira, 29 de março de 2010
domingo, 28 de março de 2010
ORI APERE Ô!
ORI:
Combinação de ODU de IFÁ - IRETE (14) e OFUN (16)
"ATEFUN - apelido de Ifá sábio - Adivinhava o oráculo às 401 divindades, estavam indo ao estado de perfeição, o sábio de ORI "adivinhou" oráculo para ORI; ORI estava indo ao estado de perfeição (ÒDE-ÀPÉRÉ), mandou-lhe fazer sacrifício, SOMENTE ORI, O ÚNICO QUE FEZ, O SEU SACRIFÍCIO FOI ABENÇOADO, portanto ORI é maior que todas as divindades, ORI é mais forte que as divindades, somente ORI chegou no estado de perfeição. O iniciado sacrificou! ORI é forte, mais que os orixás."
Para qualquer Yoruba, a palavra ORI tem uso amplo. ORI num primeiro momento quer dizer cabeça; e simboliza também - o ápice de todas as coisas; o mais alto desempenho, portanto contém o superlativo, ou seja, o Zênite. Por exemplo, a cabeça é a parte mais alta e mais importante do corpo humano, é a moradia do cérebro que controla o corpo inteiro. O líder ou chefe de qualquer organização é referido como "Olóri" (a cabeça), ORI é cabeça, cabeça é alta, alto é supremo e o ser supremo é ÔLÔDUMARÊ (Deus maior).
No corpo humano ORI se subdivide em duas colocações:
1) a cabeça física - é o crânio humano, onde está o cérebro que usamos para o pensamento e controle das outras partes do corpo; consciente ou inconsciente; os olhos para tudo ver; o nariz para respirar e cheirar; orelhas para ouvir; a boca para alimentar e falar; a língua para saborear; nossa essência masculina ou feminina está na cabeça, o rosto que dela faz parte nos distinguem uns dos outros, imprimindo uma identidade individual; sem a cabeça o homem e mulher seriam como qualquer "X".
2) a cabeça espiritual está subdividida em mais duas partes, a saber:
CABEÇA ESPIRITUAL:
- APARÍ-INÚ (CABEÇA ESPIRITUAL INTERNA)
- ORÍ-ÀPÉRÉ (santo pessoal, destino ou parte divina de cada um: escolhido no domínio de ÀJÀLÁ - divindade de ORÍ.
ORÍ-ÀPÉRÉ é acumulação de destino individual; Isto é: ÀKÚNLÈYÀN, ÀKÚNLÈGBÁ e ÀYÀNMÓ.
AKUNLEYAN é a parte do destino que cada um escolhe por vontade (livre arbítrio) própria
AKUNLEGBA é a parte do destino o qual está adicionada como complemento de AKUNLEYAN
AYANMO é aquela parte do destino que nunca pode ser mudado. Por exemplo - pais, sexo, karma, etc. Mas Akunleyan e Akunlegbá podem ser melhorado enquanto Ayanmó não pode ser modificado. O destino ORÍ-APÉRÉ está escolhido no domínio de AJALÁ (divindade de Orí).
APARI INÚ é de caráter individual, uma pessoa poderia chegar a terra com bom destino, mas, sem boa conduta; A maldade da cabeça espiritual interna danificará definitivamente o bom destino, o inverso também acontece. Porém o "destino" pode ser modificado, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos, dentro de um contexto e conhecimento da Teologia Yorubana.
Contudo ORÍ é o mais importante entre as divindades. Na ordem de importância - o primeiro é Orí; o segundo é a mãe, e se ela tenha morrido, seu espírito; em terceiro lugar é o pai, e se tenha morrido, o seu espírito; em quarto lugar, IFÁ e a seguir, seu orixá e as outras divindades. (Por Gbolahn Okemuyiwa e Awo Ademola Fabunmi - traduzido por: Adélékè Àdìsá Ògún)
Ser humano - somatória - O Criador, o procriador, procriadora e ser procriado.
Para ser adivinhador, no sentido mais elevado é "SER DIVINO", provido de conhecimento e alguma coisa ainda mais misteriosa.
Os dois sinais da divindade humana ou humanidade divinizada são: predições e milagres. Para ser um Profeta é ver ante mão os efeitos; os quais existem causas, lerem a luz transcendental; fazer milagres é agir sobre agente universal e sujeitá-lo a nossa própria vontade.
Louvação:
ORÓ Ô.
ORI- ÀPÉRÉ.
Aceita oferendas, no “Borí”, na realidade “Ebó Orí”, oferenda a cabeça.
Obí.
Mel,
Dendê,
Água
Angola
Pombos
Sal
Vinho branco doce
Frutas,
Ebô,
Acaçá
Ejá (Pescada Branca, Vermelho).
Em geral todas as comidas secas dos Orixás,
etc.
Combinação de ODU de IFÁ - IRETE (14) e OFUN (16)
"ATEFUN - apelido de Ifá sábio - Adivinhava o oráculo às 401 divindades, estavam indo ao estado de perfeição, o sábio de ORI "adivinhou" oráculo para ORI; ORI estava indo ao estado de perfeição (ÒDE-ÀPÉRÉ), mandou-lhe fazer sacrifício, SOMENTE ORI, O ÚNICO QUE FEZ, O SEU SACRIFÍCIO FOI ABENÇOADO, portanto ORI é maior que todas as divindades, ORI é mais forte que as divindades, somente ORI chegou no estado de perfeição. O iniciado sacrificou! ORI é forte, mais que os orixás."
Para qualquer Yoruba, a palavra ORI tem uso amplo. ORI num primeiro momento quer dizer cabeça; e simboliza também - o ápice de todas as coisas; o mais alto desempenho, portanto contém o superlativo, ou seja, o Zênite. Por exemplo, a cabeça é a parte mais alta e mais importante do corpo humano, é a moradia do cérebro que controla o corpo inteiro. O líder ou chefe de qualquer organização é referido como "Olóri" (a cabeça), ORI é cabeça, cabeça é alta, alto é supremo e o ser supremo é ÔLÔDUMARÊ (Deus maior).
No corpo humano ORI se subdivide em duas colocações:
1) a cabeça física - é o crânio humano, onde está o cérebro que usamos para o pensamento e controle das outras partes do corpo; consciente ou inconsciente; os olhos para tudo ver; o nariz para respirar e cheirar; orelhas para ouvir; a boca para alimentar e falar; a língua para saborear; nossa essência masculina ou feminina está na cabeça, o rosto que dela faz parte nos distinguem uns dos outros, imprimindo uma identidade individual; sem a cabeça o homem e mulher seriam como qualquer "X".
2) a cabeça espiritual está subdividida em mais duas partes, a saber:
CABEÇA ESPIRITUAL:
- APARÍ-INÚ (CABEÇA ESPIRITUAL INTERNA)
- ORÍ-ÀPÉRÉ (santo pessoal, destino ou parte divina de cada um: escolhido no domínio de ÀJÀLÁ - divindade de ORÍ.
ORÍ-ÀPÉRÉ é acumulação de destino individual; Isto é: ÀKÚNLÈYÀN, ÀKÚNLÈGBÁ e ÀYÀNMÓ.
AKUNLEYAN é a parte do destino que cada um escolhe por vontade (livre arbítrio) própria
AKUNLEGBA é a parte do destino o qual está adicionada como complemento de AKUNLEYAN
AYANMO é aquela parte do destino que nunca pode ser mudado. Por exemplo - pais, sexo, karma, etc. Mas Akunleyan e Akunlegbá podem ser melhorado enquanto Ayanmó não pode ser modificado. O destino ORÍ-APÉRÉ está escolhido no domínio de AJALÁ (divindade de Orí).
APARI INÚ é de caráter individual, uma pessoa poderia chegar a terra com bom destino, mas, sem boa conduta; A maldade da cabeça espiritual interna danificará definitivamente o bom destino, o inverso também acontece. Porém o "destino" pode ser modificado, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos, dentro de um contexto e conhecimento da Teologia Yorubana.
Contudo ORÍ é o mais importante entre as divindades. Na ordem de importância - o primeiro é Orí; o segundo é a mãe, e se ela tenha morrido, seu espírito; em terceiro lugar é o pai, e se tenha morrido, o seu espírito; em quarto lugar, IFÁ e a seguir, seu orixá e as outras divindades. (Por Gbolahn Okemuyiwa e Awo Ademola Fabunmi - traduzido por: Adélékè Àdìsá Ògún)
Ser humano - somatória - O Criador, o procriador, procriadora e ser procriado.
Para ser adivinhador, no sentido mais elevado é "SER DIVINO", provido de conhecimento e alguma coisa ainda mais misteriosa.
Os dois sinais da divindade humana ou humanidade divinizada são: predições e milagres. Para ser um Profeta é ver ante mão os efeitos; os quais existem causas, lerem a luz transcendental; fazer milagres é agir sobre agente universal e sujeitá-lo a nossa própria vontade.
Louvação:
ORÓ Ô.
ORI- ÀPÉRÉ.
Aceita oferendas, no “Borí”, na realidade “Ebó Orí”, oferenda a cabeça.
Obí.
Mel,
Dendê,
Água
Angola
Pombos
Sal
Vinho branco doce
Frutas,
Ebô,
Acaçá
Ejá (Pescada Branca, Vermelho).
Em geral todas as comidas secas dos Orixás,
etc.
ORI (cabeça)
Ori livra Orunmilá de ameaças
Orunmilá estava um dia distraído
e de repente deu-se conta que era observado
por Morte, Doença, Perda, Paralisia e Fraqueza.
Orunmilá ouviu o que diziam,
que elas diziam umas às outras:
"Um dia a gente pega este aí".
Elas riam desavergonhadamente,
plantavam bananeira,
faziam micagens e gestos obscenos.
"Mais cedo ou mais tarde a gente pega este aí."
Orunmilá assustou-se.
Orunmilá voltou para casa.
Orunmilá foi consultar o seu Ori.
Somente Ori podia salvar Orunmilá.
Somente Ori podia livrar da Morte.
Só a cabeça poderia livrá-lo da Doença.
Era o Ori que o livraria da Perda.
O Ori de Orunmilá o livraria da Paralisia.
Somente seu Ori podia livrá-lo da Fraqueza.
Orunmilá foi consultar sua cabeça.
O Ori livra o homem dos males.
Orunmilá fez os sacrifícios à cabeça, fez bori.
Ori aceitou as comidas oferecidas,
ficou forte e expulsou os problemas de Orunmilá.
Nada mais podia ameaçar o seu devoto.
Ori salvou Orunmilá da Morte e da Doença,
da Perda, da Paralisia e da Fraqueza.
Ori livrou seu devoto de todas as ameaças.
Orunmilá estava um dia distraído
e de repente deu-se conta que era observado
por Morte, Doença, Perda, Paralisia e Fraqueza.
Orunmilá ouviu o que diziam,
que elas diziam umas às outras:
"Um dia a gente pega este aí".
Elas riam desavergonhadamente,
plantavam bananeira,
faziam micagens e gestos obscenos.
"Mais cedo ou mais tarde a gente pega este aí."
Orunmilá assustou-se.
Orunmilá voltou para casa.
Orunmilá foi consultar o seu Ori.
Somente Ori podia salvar Orunmilá.
Somente Ori podia livrar da Morte.
Só a cabeça poderia livrá-lo da Doença.
Era o Ori que o livraria da Perda.
O Ori de Orunmilá o livraria da Paralisia.
Somente seu Ori podia livrá-lo da Fraqueza.
Orunmilá foi consultar sua cabeça.
O Ori livra o homem dos males.
Orunmilá fez os sacrifícios à cabeça, fez bori.
Ori aceitou as comidas oferecidas,
ficou forte e expulsou os problemas de Orunmilá.
Nada mais podia ameaçar o seu devoto.
Ori salvou Orunmilá da Morte e da Doença,
da Perda, da Paralisia e da Fraqueza.
Ori livrou seu devoto de todas as ameaças.
AFESU
AFESU - A iniciação de um novo sacerdote
A iniciação é um rito de passagem, uma morte simbólica que transforma um homem comum em um instrumento do Orisa, em um "elegun", pessoa sujeita ao transe de possessão, a emprestar seu corpo para que Orisa viva entre nós mais uma vez, por um período de horas ou dias. O iniciando passa por ritos complexos, de isolamento e segregação, de silencio absoluto, de tonsura ritual, de sacrifícios de animais, de oferendas de alimentos, de pequenos cortes para inserção de pós mágicos em seu corpo (cicatrizes sagradas que definem os futuros sacerdotes), simbolizando uma volta ao útero da Mãe Terra, de onde renascerá não um homem comum, mas o instrumento de um Orisa, que por sua boca e seu corpo falará e se manifestará, aumentando assim seu conhecimento e o de todos os outros crentes.
Sua apresentação, já com sua nova personalidade e seu novo nome, ao público do Templo e da cidade, transforma-se então em uma festa de cores e de beleza inenarrável, onde todos comparecem desejosos de compartilhar Axé (palavra que define nossa Religião: A/Awa: nós, xé: realizar, Axé - nós realizamos). Por várias vezes o neófito é apresentado ao povo, vestido e pintado com cores próprias do Orisa ao qual é consagrado, ao som dos tambores e de ritmos e cantigas tão antigas quanto à vida dos homens neste mundo. E a cada troca de roupas, mais o Axé se espalha pelo Templo, culminando com a vinda dos Orisa, que vêm brincar e falar com seus filhos diletos, demonstrando sua satisfação por mais uma etapa cumprida.
Cada item tem seu significado nesta hora. A pena vermelha, chamada "Ekodide", que o elegun carrega em sua cabeça, simboliza realeza, honra, status adquirido pelo fato de ele ter se iniciado para ser um novo sacerdote dedicado ao culto daquele Orisa. As pinturas em cor branca, azul e vermelha, feitas a partir de substâncias vegetais e minerais, são os símbolos dos líquidos vitais de animais, plantas e do próprio ser humano, essenciais para a nova vida do iniciado. A melhor roupa vestida por ele, por sua família, e por todos os presentes, demonstra o respeito e o apreço por Orisa. Como se fossem se apresentar frente a reis, nada menos que o melhor é permitido, uma vez que muitos reis são os representantes de nossos Orisa neste mundo, descendentes diretos que aqui ficaram para perpetuar sua força vital. Isto se estende aos alimentos e bebidas, cuja qualidade é severamente observada, aos animais oferecidos, às contas para a confecção de colares, e a todos os objetos que compõem o Ebo. O bom não é suficiente, só o melhor é dado para o Orisa. Por muitos dias o neófito irá carregar consigo um colar especial de sagração no pescoço, simbolizando seu amor, devoção e sujeição ao Orisa. Neste período também cumprirá resguardo sexual, porque esta energia não pode ser desperdiçada, toda sua força energética deve estar centrada em Orisa. Comerá comidas especiais, dormirá no chão, em uma esteira, aprenderá com os mais velhos as orações e cânticos de seu Orisa. É um tempo de amor, dedicação e aprendizado, um reaprender a viver, uma inserção do sagrado no cotidiano, uma experiência que não pode ser descrita, mas sim vivida. E a possessão faz parte de tudo isso, um ser dominado; um compartilhar corpo e espírito com Orisa; um ser o deus e voltar a ser o homem; sem a menor possibilidade de interferência, em que a perda de vontade própria e a submissão são aprendidas sem que se ensine ou aprenda, por instinto e memória ancestral. Algo de tribal, algo de divino, algo de humano, algo de fantástico. Ser para saber.
E, ao fim de tudo, o elegun reaprende os atos do dia a dia, retoma sua vida diária, mas para ele estará em primeiro lugar e sempre o Orisa. E, conhecendo através do oráculo sagrado, o Ifá, suas interdições, as proibições que Orisa e ancestrais lhe deram durante sua iniciação, ele conhecerá seu lugar na rígida hierarquia tribal, familiar e religiosa e viverá melhor sendo um "Omo awo", filho do segredo, do que sendo tão somente um ser humano.
(Conhecimento adquirido pelas mãos da Iyá Soléiyé Sandra Medeiros Epega) Adupé Iyá!
A iniciação é um rito de passagem, uma morte simbólica que transforma um homem comum em um instrumento do Orisa, em um "elegun", pessoa sujeita ao transe de possessão, a emprestar seu corpo para que Orisa viva entre nós mais uma vez, por um período de horas ou dias. O iniciando passa por ritos complexos, de isolamento e segregação, de silencio absoluto, de tonsura ritual, de sacrifícios de animais, de oferendas de alimentos, de pequenos cortes para inserção de pós mágicos em seu corpo (cicatrizes sagradas que definem os futuros sacerdotes), simbolizando uma volta ao útero da Mãe Terra, de onde renascerá não um homem comum, mas o instrumento de um Orisa, que por sua boca e seu corpo falará e se manifestará, aumentando assim seu conhecimento e o de todos os outros crentes.
Sua apresentação, já com sua nova personalidade e seu novo nome, ao público do Templo e da cidade, transforma-se então em uma festa de cores e de beleza inenarrável, onde todos comparecem desejosos de compartilhar Axé (palavra que define nossa Religião: A/Awa: nós, xé: realizar, Axé - nós realizamos). Por várias vezes o neófito é apresentado ao povo, vestido e pintado com cores próprias do Orisa ao qual é consagrado, ao som dos tambores e de ritmos e cantigas tão antigas quanto à vida dos homens neste mundo. E a cada troca de roupas, mais o Axé se espalha pelo Templo, culminando com a vinda dos Orisa, que vêm brincar e falar com seus filhos diletos, demonstrando sua satisfação por mais uma etapa cumprida.
Cada item tem seu significado nesta hora. A pena vermelha, chamada "Ekodide", que o elegun carrega em sua cabeça, simboliza realeza, honra, status adquirido pelo fato de ele ter se iniciado para ser um novo sacerdote dedicado ao culto daquele Orisa. As pinturas em cor branca, azul e vermelha, feitas a partir de substâncias vegetais e minerais, são os símbolos dos líquidos vitais de animais, plantas e do próprio ser humano, essenciais para a nova vida do iniciado. A melhor roupa vestida por ele, por sua família, e por todos os presentes, demonstra o respeito e o apreço por Orisa. Como se fossem se apresentar frente a reis, nada menos que o melhor é permitido, uma vez que muitos reis são os representantes de nossos Orisa neste mundo, descendentes diretos que aqui ficaram para perpetuar sua força vital. Isto se estende aos alimentos e bebidas, cuja qualidade é severamente observada, aos animais oferecidos, às contas para a confecção de colares, e a todos os objetos que compõem o Ebo. O bom não é suficiente, só o melhor é dado para o Orisa. Por muitos dias o neófito irá carregar consigo um colar especial de sagração no pescoço, simbolizando seu amor, devoção e sujeição ao Orisa. Neste período também cumprirá resguardo sexual, porque esta energia não pode ser desperdiçada, toda sua força energética deve estar centrada em Orisa. Comerá comidas especiais, dormirá no chão, em uma esteira, aprenderá com os mais velhos as orações e cânticos de seu Orisa. É um tempo de amor, dedicação e aprendizado, um reaprender a viver, uma inserção do sagrado no cotidiano, uma experiência que não pode ser descrita, mas sim vivida. E a possessão faz parte de tudo isso, um ser dominado; um compartilhar corpo e espírito com Orisa; um ser o deus e voltar a ser o homem; sem a menor possibilidade de interferência, em que a perda de vontade própria e a submissão são aprendidas sem que se ensine ou aprenda, por instinto e memória ancestral. Algo de tribal, algo de divino, algo de humano, algo de fantástico. Ser para saber.
E, ao fim de tudo, o elegun reaprende os atos do dia a dia, retoma sua vida diária, mas para ele estará em primeiro lugar e sempre o Orisa. E, conhecendo através do oráculo sagrado, o Ifá, suas interdições, as proibições que Orisa e ancestrais lhe deram durante sua iniciação, ele conhecerá seu lugar na rígida hierarquia tribal, familiar e religiosa e viverá melhor sendo um "Omo awo", filho do segredo, do que sendo tão somente um ser humano.
(Conhecimento adquirido pelas mãos da Iyá Soléiyé Sandra Medeiros Epega) Adupé Iyá!
Candomblé Ketú
ORIXÁS:
Os Orixás do Ketu são basicamente os da Mitologia Yoruba.
Olorun também chamado Olodumare é o Deus supremo, que criou as divindades ou Orixás (Òrìsà em yoruba). As centenas de orixás ainda cultuados na África, ficou reduzida a um pequeno número que são invocados em cerimônias:
* Exu, Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
* Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
* Oxóssi, Orixá da caça e da fartura.
* Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca
* Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
* Ayrà, Usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.
* Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas e pragas, Orixá da Cura.
* Oxumaré, Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
* Ossaim, Orixá das Folhas, conhece o segredo de todas elas.
* Oyá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do Rio Niger
* Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios, e amor.
* Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos Orixás.
* Nanã, Orixá feminino dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.
* Yewá, Orixá feminino do Rio Yewa.
* Obá, Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô
* Axabó, Orixá feminino da família de Xangô
* Ibeji, Orixá dos gêmeos
* Irôco, Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
* Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
* Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.
* Onilé, Orixá do culto de Egungun
* Oxalá, Orixá do Branco, da Paz, da Fé.
* OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do mundo e dos corpos humanos.
* Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da Adivinhação e do destino.
* Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
* Oranian, Orixá filho mais novo de Odudua
* Baiani, Orixá também chamado Dadá Ajaká
* Olokun, Orixá divindade do mar
* Olossá, Orixá dos lagos e lagoas
* Oxalufon, Qualidade de Oxalá velho e sábio
* Oxaguian, Qualidade de Oxalá jovem e guerreiro
* Orixá Oko, Orixá da agricultura
Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Sàngó em Oyó, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondo, Òsun em Ilesa, Osogbo e Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inisa, Osàálà-Obàtálá em Ifé, subdivididos em Osàlúfon em Ifan e Òságiyan em Ejigbo
No Brasil, em cada templo religioso são cultuados todos os Orixás, diferenciando que nas casas grandes tem um quarto separado para cada Orixá, nas casas menores são cultuados em um único quarto de santo (termo usado para designar o quarto onde são cultuados os Orixás).
RITUAL:
O Ritual de uma casa de Ketu, é diferente das casas de outras nações, a diferença está no idioma, no toque dos Ilus (Atabaque no Ketu), nas cantigas, nas cores usadas pelos Orixás, os rituais mais importantes são: Padê, Sacrifício, Oferenda, Sassayin, Iniciação, Axexê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum, Roda de Xango...
A língua sagrada utilizada em rituais do Ketu é o (Iorubá ou Nagô) é derivado da língua Yoruba. O povo de Ketu procura manter-se fiel aos ensinamentos das africanas que fundaram as primeiras casas, reproduzem os rituais, rezas, lendas, cantigas, comidas, festas, esses ensinamentos são passados oralmente até hoje.
HIERARQUIA:
As posições principais do Ketu (são chamados de cargo ou posto, em yoruba Olóyès , Ogãns e Àjòiès), em termos de autoridade, são:
O cargo de autoridade máxima dentro de uma casa de candomblé é o de Iyálorixá (mulher - mãe-de-santo) ou Babalorixá (homem - pai-de-santo. São pessoas escolhidas pelos Orixás para ocupar esse posto. São sacerdotes, que após muitos anos de estudo adquiriram o conhecimento para tal função. Existem casos que a pessoa escolhida através do jogo de búzios ainda não estar preparada para assumir o posto, nesse caso terá que ser assistida por todos Egbomis (meu irmão mais velho) da casa para obter o conhecimento necessário.
1. Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai.
2. Iyakekerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.
3. Babakekerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.
4. Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos ritual.
5. Agibonã: mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação
6. Egbomi: Ou Egbomi são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: meu irmão mais velho).
7. Iyabassê: (mulher): responsável pela preparação das comidas-de-santo
8. Iaô: filho-de-santo (que já incorpora Orixás).
9. Abiã ou abian: Novato.
10. Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais. (não entram em transe).
11. Alagbê: Responsável pelos atabaques e pelos toques. (não entram em transe).
12. Ogâ ou Ogan: Tocadores de atabaques (não entram em transe).
13. Ajoiê ou ekedi: Camareira do Orixá (não entram em transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.
Os Orixás do Ketu são basicamente os da Mitologia Yoruba.
Olorun também chamado Olodumare é o Deus supremo, que criou as divindades ou Orixás (Òrìsà em yoruba). As centenas de orixás ainda cultuados na África, ficou reduzida a um pequeno número que são invocados em cerimônias:
* Exu, Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
* Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
* Oxóssi, Orixá da caça e da fartura.
* Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca
* Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
* Ayrà, Usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.
* Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas e pragas, Orixá da Cura.
* Oxumaré, Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
* Ossaim, Orixá das Folhas, conhece o segredo de todas elas.
* Oyá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do Rio Niger
* Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios, e amor.
* Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos Orixás.
* Nanã, Orixá feminino dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.
* Yewá, Orixá feminino do Rio Yewa.
* Obá, Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô
* Axabó, Orixá feminino da família de Xangô
* Ibeji, Orixá dos gêmeos
* Irôco, Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
* Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
* Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.
* Onilé, Orixá do culto de Egungun
* Oxalá, Orixá do Branco, da Paz, da Fé.
* OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do mundo e dos corpos humanos.
* Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da Adivinhação e do destino.
* Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
* Oranian, Orixá filho mais novo de Odudua
* Baiani, Orixá também chamado Dadá Ajaká
* Olokun, Orixá divindade do mar
* Olossá, Orixá dos lagos e lagoas
* Oxalufon, Qualidade de Oxalá velho e sábio
* Oxaguian, Qualidade de Oxalá jovem e guerreiro
* Orixá Oko, Orixá da agricultura
Na África cada Orixá estava ligado originalmente a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais. Sàngó em Oyó, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondo, Òsun em Ilesa, Osogbo e Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inisa, Osàálà-Obàtálá em Ifé, subdivididos em Osàlúfon em Ifan e Òságiyan em Ejigbo
No Brasil, em cada templo religioso são cultuados todos os Orixás, diferenciando que nas casas grandes tem um quarto separado para cada Orixá, nas casas menores são cultuados em um único quarto de santo (termo usado para designar o quarto onde são cultuados os Orixás).
RITUAL:
O Ritual de uma casa de Ketu, é diferente das casas de outras nações, a diferença está no idioma, no toque dos Ilus (Atabaque no Ketu), nas cantigas, nas cores usadas pelos Orixás, os rituais mais importantes são: Padê, Sacrifício, Oferenda, Sassayin, Iniciação, Axexê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum, Roda de Xango...
A língua sagrada utilizada em rituais do Ketu é o (Iorubá ou Nagô) é derivado da língua Yoruba. O povo de Ketu procura manter-se fiel aos ensinamentos das africanas que fundaram as primeiras casas, reproduzem os rituais, rezas, lendas, cantigas, comidas, festas, esses ensinamentos são passados oralmente até hoje.
HIERARQUIA:
As posições principais do Ketu (são chamados de cargo ou posto, em yoruba Olóyès , Ogãns e Àjòiès), em termos de autoridade, são:
O cargo de autoridade máxima dentro de uma casa de candomblé é o de Iyálorixá (mulher - mãe-de-santo) ou Babalorixá (homem - pai-de-santo. São pessoas escolhidas pelos Orixás para ocupar esse posto. São sacerdotes, que após muitos anos de estudo adquiriram o conhecimento para tal função. Existem casos que a pessoa escolhida através do jogo de búzios ainda não estar preparada para assumir o posto, nesse caso terá que ser assistida por todos Egbomis (meu irmão mais velho) da casa para obter o conhecimento necessário.
1. Iyalorixá ou Babalorixá: A palavra iyá do yoruba significa mãe, babá significa pai.
2. Iyakekerê (mulher): mãe pequena, segunda sacerdotisa.
3. Babakekerê (homem): pai pequeno, segundo sacerdote.
4. Iyalaxé (mulher): cuida dos objetos ritual.
5. Agibonã: mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação
6. Egbomi: Ou Egbomi são pessoas que já cumpriram o período de sete anos da iniciação (significado: meu irmão mais velho).
7. Iyabassê: (mulher): responsável pela preparação das comidas-de-santo
8. Iaô: filho-de-santo (que já incorpora Orixás).
9. Abiã ou abian: Novato.
10. Axogun: responsável pelo sacrifício dos animais. (não entram em transe).
11. Alagbê: Responsável pelos atabaques e pelos toques. (não entram em transe).
12. Ogâ ou Ogan: Tocadores de atabaques (não entram em transe).
13. Ajoiê ou ekedi: Camareira do Orixá (não entram em transe). Na Casa Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.
Candomblé Jeje
VODUNS
Os Voduns no Jeje são basicamente os da Mitologia Ewe e Fon.
* Dangbé,O Dangbé é a serpente sagrada que representa o espírito de Vodum Dan.
* Mawu é o Ser Supremo dos povos Ewe e Fon.
* Lissá, que é masculino, e também co-responsável pela Criação.
* Loko, É o primogênito dos voduns.dono da joia de mahi que e o rungbe
* Gu, Vodun dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.
* Heviossô, Vodun que comanda os raios e relâmpagos.
* Sakpatá, Vodun da varíola.
* Dan, Vodun da riqueza, representado pela serpente do arco-íris.
* Agué, Vodun da caça e protetor das florestas.
* Agbê, Vodun dono dos mares.
* Ayizan, Vodun feminino dona da crosta terrestre e dos mercados.
* Agassu, Vodun que representa a linhagem real do Reino do Dahomey.
* Aguê, Vodun que representa a terra firme.
* Legba, O caçula de Mawu e Lissá, e representa as entradas e saídas e a sexualidade.
* Fa , Vodun da adivinhação e do destino.
* Aziri , vodun das águas doces.
* Possun , vodun do po e da terra seca representado pelo tigre.
* Bessem, É o dono das águas doces no Savalú, do qual é patrono.
* Sogbô, Vodun do trovão da família de Heviossô.
* Tobossi, Naê ou Mami Wata, são todas as Voduns femininas das ezins jeçuçu, jevivi e salobres.
* Nanã, Vodun considera por todos os adeptos do Culto Vodun como a grande Mãe Universal.
RITUAL:
Na Nação Jeje existe a necessidade do poço (se não existir uma nascente nas terras), o ideal é um sítio com nascente, mata natural, plantas e animais.
Infelizmente nas casas urbanas isto já não é tão possível, pois as Casas cada vez mais diminuem de tamanho. Mas ainda assim toda casa Jeje deverá ter pelo menos um poço, um local reservado exclusivamente para as plantas e árvores necessárias ao culto, que chamamos "kpamahin", e alguns animais que são muito importantes para nós.
Voduns não usam roupas luxuosas não gostam de roupas de festa e geralmente preferem a boa e velha roupa de ração. As danças são cadenciadas em um ritmo mais denso e pesado. Os Voduns estão sempre de olhos abertos e salvo algumas exceções, conversam (usando preferencialmente um dialeto próprio) e dão conselhos a quem os procura. Informação de Doté Dorivaldo.
A iniciação ao culto dos voduns é complexa é longa e pode envolver longas caminhadas a santuários e mercados e períodos de reclusão dentro do convento ou terreiro hunkpame, que podem chegar a durar um ano, onde os neófitos são submetido a uma dura rotina de danças, preces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obediência.
HIERARQUIA:
* Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa equivalente ao Babalawo
* Doté Sacerdotes (homens) da família de Sogbô e Doné Sacerdotisas (mulheres) esse título é usado no Terreiro do Bogum onde também são usados os títulos Gaiaku e Mejitó.
* Noche - Sacerdotisas do Jeje-Mina
* Vodunsi - após 1 ano da iniciação.
* Kajekaji - iniciado que ainda não completou o ciclo de obrigações.
Os Voduns no Jeje são basicamente os da Mitologia Ewe e Fon.
* Dangbé,O Dangbé é a serpente sagrada que representa o espírito de Vodum Dan.
* Mawu é o Ser Supremo dos povos Ewe e Fon.
* Lissá, que é masculino, e também co-responsável pela Criação.
* Loko, É o primogênito dos voduns.dono da joia de mahi que e o rungbe
* Gu, Vodun dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.
* Heviossô, Vodun que comanda os raios e relâmpagos.
* Sakpatá, Vodun da varíola.
* Dan, Vodun da riqueza, representado pela serpente do arco-íris.
* Agué, Vodun da caça e protetor das florestas.
* Agbê, Vodun dono dos mares.
* Ayizan, Vodun feminino dona da crosta terrestre e dos mercados.
* Agassu, Vodun que representa a linhagem real do Reino do Dahomey.
* Aguê, Vodun que representa a terra firme.
* Legba, O caçula de Mawu e Lissá, e representa as entradas e saídas e a sexualidade.
* Fa , Vodun da adivinhação e do destino.
* Aziri , vodun das águas doces.
* Possun , vodun do po e da terra seca representado pelo tigre.
* Bessem, É o dono das águas doces no Savalú, do qual é patrono.
* Sogbô, Vodun do trovão da família de Heviossô.
* Tobossi, Naê ou Mami Wata, são todas as Voduns femininas das ezins jeçuçu, jevivi e salobres.
* Nanã, Vodun considera por todos os adeptos do Culto Vodun como a grande Mãe Universal.
RITUAL:
Na Nação Jeje existe a necessidade do poço (se não existir uma nascente nas terras), o ideal é um sítio com nascente, mata natural, plantas e animais.
Infelizmente nas casas urbanas isto já não é tão possível, pois as Casas cada vez mais diminuem de tamanho. Mas ainda assim toda casa Jeje deverá ter pelo menos um poço, um local reservado exclusivamente para as plantas e árvores necessárias ao culto, que chamamos "kpamahin", e alguns animais que são muito importantes para nós.
Voduns não usam roupas luxuosas não gostam de roupas de festa e geralmente preferem a boa e velha roupa de ração. As danças são cadenciadas em um ritmo mais denso e pesado. Os Voduns estão sempre de olhos abertos e salvo algumas exceções, conversam (usando preferencialmente um dialeto próprio) e dão conselhos a quem os procura. Informação de Doté Dorivaldo.
A iniciação ao culto dos voduns é complexa é longa e pode envolver longas caminhadas a santuários e mercados e períodos de reclusão dentro do convento ou terreiro hunkpame, que podem chegar a durar um ano, onde os neófitos são submetido a uma dura rotina de danças, preces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obediência.
HIERARQUIA:
* Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa equivalente ao Babalawo
* Doté Sacerdotes (homens) da família de Sogbô e Doné Sacerdotisas (mulheres) esse título é usado no Terreiro do Bogum onde também são usados os títulos Gaiaku e Mejitó.
* Noche - Sacerdotisas do Jeje-Mina
* Vodunsi - após 1 ano da iniciação.
* Kajekaji - iniciado que ainda não completou o ciclo de obrigações.
Candomblé Bantu (Angola)
PRINCIPAIS NKISIS:
* Aluvaiá, Bombo Njila, Pambu Njila: - Intermediário entre os seres humanos e o outros Nkisis (cf. Exú Orixá). Na sua manifestação feminina, é chamado Vangira.
* Nkosi, Roxi Mukumbe: - Nkisi de guerra e Senhor das estradas de terra. Mukumbe, Biolê, Buré qualidades ou caminhos desse Nkisi.
* Ngunzu: - Engloba as energias dos caçadores de animais, pastores, criadores de gado e daqueles que vivem embrenhados nas profundezas das matas, dominando as partes onde o sol não penetra.
* Kabila: - O caçador pastor. O que cuida dos rebanhos da floresta.
* Mutalambô, Lambaranguange: - Caçador, vive em florestas e montanhas, Nkisi de comida abundante.
* Gongobira ou Gongobila: - Caçador jovem e pescador.
* Mutakalambô: - Tem o domínio das partes mais profundas e densas das florestas, onde o Sol não alcança o solo por não penetrar pela copa das árvores.
* Katendê: - Senhor das Jinsaba (folhas). Conhece os segredos das ervas medicinais.
* Nzazi, Loango: - São o próprio raio, entrega justiça aos seres humanos.
* Kaviungo ou Kavungo, Kafungê ou Kafunjê, Kingongo, Kafundeji: - Nkisi da varíola, das doenças de pele, da saúde e da morte.
* Nsumbu - Senhor da terra, também chamado de Ntoto pelo povo de Congo.
* Hongolo ou Angorô (masculino) e Angoroméa (feminino): - Auxilia na comunicação entre os seres humanos e as divindades (representado por uma cobra).
* Kindembu ou Nkisi Tempo: - Rei de Angola. Senhor do tempo e das estações. É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca, chamada de Bandeira de Tempo.
* Kaiango: - Têm o domínio sobre o fogo.
* Matamba, Bamburucema, Nunvurucemavula: - Qualidades ou caminhos de Kaiango. guerreira, comanda os mortos (Nvumbe).
* Kisimbi, Samba Nkisi: - A grande mãe; Nkisi de lagos e rios.
* Ndanda Lunda: - Senhora da fertilidade, e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi.
* Kaitumba, Mikaia, Kokueto: - Nkisi do Oceano, do Mar (Kalunga Grande)
* Nzumbarandá: - A mais velha das Nkisi, conectada para morte.
* Nvunji: - O mais jovem do Nkisi, Senhora da justiça. Representa a felicidade de juventude e toma conta dos filhos recolhidos.
* Lembá Dilê, Lembarenganga, Jakatamba, Nkasuté Lembá, Gangaiobanda: - Conectado à criação do mundo.
O Deus supremo e Criador é Nzambi ou Nzambi Mpungu; abaixo dele estão os Jinkisi/Minkisi, divindades da Mitologia Bantu. Essas divindades se assemelham a Olorun e Orixás da Mitologia Yoruba, e Olorum e Orixá do Candomblé Ketu.
RITUAL:
Na Angola, os sacramentos são:
* 1 - Massangá: Ritual de batismo de água doce (menha), na cabeça (mutue), do iniciado (ndumbi), usando-se ainda o kezu (Obi).
* 2 - Nkudiá Mutuè: (Bori)- ritual de colocação de forças (Kalla ou Ngunzu(Angola)= Asé(Axé) = Muki(Congo)), através do sangue (menga) de pequenos animais.
* 3 - Nguecè Benguè Kamutué: ritual de raspagem, vulgarmente chamado de feitura de santo.
* 4 - Nguecè Kamuxi Muvu: Ritual de obrigação de 1 ano.
* 5 - Nguecè Katàtu Muvu: Ritual de obrigação de 3 anos (Nguece = obrigação), nessa obrigação, faz-se o ritual de mudança de grau de santo.
* 6 - Nguecè Katuno Muvu: Ritual de obrigação de 5 anos, preparação quase que identica a de um ano, só que acompanhada de muitas frutas.
* 7 - Nguecè Kassambá Muvu:ritual de obrigação de 7 anos, quando o iniciado receberá seu cargo, passado na vista do público, sendo elevado ao grau de Tata Nkisi (Zelador) ou Mametu Nkisi (Zeladora).
* As obrigações, são de praxe para os rodantes, porque Kota (ekedi) e Kambondo (ogã), ja recebem seus cargos na feitura, portanto já nascem com suas ferramentas de trabalho, dão suas obrigações para aprimorar seus conhecimentos.
* Em Angola, quem passa cargo são os enredos de Dandalunda. Isto é, não é preciso ser filho de Dandalunda, mas é ela quem autoriza aquela pessoa a receber o cargo.
* Após 7 anos de obrigações, se renovarão a cada ano com rito de obi ou borí, conforme o caso, repetindo-se as obrigações maiores de 7 em 7 anos para renovar e conservar o indivíduo forte, transformando-o em Kukala Ni Nguzu- Um ser fotte.
* Kunha Kele: Sacramento realizado 3 meses e 21 dias após a feitura (tirada de kele), quando o santo soltará a Kuzuela = Ilá.
Ordem de barco (sequência das pessoas recolhidas juntas para iniciação) na Angola
1º - Rianga, 2º - kaiadi, 3º - katatu, 4º - Kakuanam, 5º - katanu, 6º - Kassamanu, 7º - Kassambà.
* Aluvaiá, Bombo Njila, Pambu Njila: - Intermediário entre os seres humanos e o outros Nkisis (cf. Exú Orixá). Na sua manifestação feminina, é chamado Vangira.
* Nkosi, Roxi Mukumbe: - Nkisi de guerra e Senhor das estradas de terra. Mukumbe, Biolê, Buré qualidades ou caminhos desse Nkisi.
* Ngunzu: - Engloba as energias dos caçadores de animais, pastores, criadores de gado e daqueles que vivem embrenhados nas profundezas das matas, dominando as partes onde o sol não penetra.
* Kabila: - O caçador pastor. O que cuida dos rebanhos da floresta.
* Mutalambô, Lambaranguange: - Caçador, vive em florestas e montanhas, Nkisi de comida abundante.
* Gongobira ou Gongobila: - Caçador jovem e pescador.
* Mutakalambô: - Tem o domínio das partes mais profundas e densas das florestas, onde o Sol não alcança o solo por não penetrar pela copa das árvores.
* Katendê: - Senhor das Jinsaba (folhas). Conhece os segredos das ervas medicinais.
* Nzazi, Loango: - São o próprio raio, entrega justiça aos seres humanos.
* Kaviungo ou Kavungo, Kafungê ou Kafunjê, Kingongo, Kafundeji: - Nkisi da varíola, das doenças de pele, da saúde e da morte.
* Nsumbu - Senhor da terra, também chamado de Ntoto pelo povo de Congo.
* Hongolo ou Angorô (masculino) e Angoroméa (feminino): - Auxilia na comunicação entre os seres humanos e as divindades (representado por uma cobra).
* Kindembu ou Nkisi Tempo: - Rei de Angola. Senhor do tempo e das estações. É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca, chamada de Bandeira de Tempo.
* Kaiango: - Têm o domínio sobre o fogo.
* Matamba, Bamburucema, Nunvurucemavula: - Qualidades ou caminhos de Kaiango. guerreira, comanda os mortos (Nvumbe).
* Kisimbi, Samba Nkisi: - A grande mãe; Nkisi de lagos e rios.
* Ndanda Lunda: - Senhora da fertilidade, e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi.
* Kaitumba, Mikaia, Kokueto: - Nkisi do Oceano, do Mar (Kalunga Grande)
* Nzumbarandá: - A mais velha das Nkisi, conectada para morte.
* Nvunji: - O mais jovem do Nkisi, Senhora da justiça. Representa a felicidade de juventude e toma conta dos filhos recolhidos.
* Lembá Dilê, Lembarenganga, Jakatamba, Nkasuté Lembá, Gangaiobanda: - Conectado à criação do mundo.
O Deus supremo e Criador é Nzambi ou Nzambi Mpungu; abaixo dele estão os Jinkisi/Minkisi, divindades da Mitologia Bantu. Essas divindades se assemelham a Olorun e Orixás da Mitologia Yoruba, e Olorum e Orixá do Candomblé Ketu.
RITUAL:
Na Angola, os sacramentos são:
* 1 - Massangá: Ritual de batismo de água doce (menha), na cabeça (mutue), do iniciado (ndumbi), usando-se ainda o kezu (Obi).
* 2 - Nkudiá Mutuè: (Bori)- ritual de colocação de forças (Kalla ou Ngunzu(Angola)= Asé(Axé) = Muki(Congo)), através do sangue (menga) de pequenos animais.
* 3 - Nguecè Benguè Kamutué: ritual de raspagem, vulgarmente chamado de feitura de santo.
* 4 - Nguecè Kamuxi Muvu: Ritual de obrigação de 1 ano.
* 5 - Nguecè Katàtu Muvu: Ritual de obrigação de 3 anos (Nguece = obrigação), nessa obrigação, faz-se o ritual de mudança de grau de santo.
* 6 - Nguecè Katuno Muvu: Ritual de obrigação de 5 anos, preparação quase que identica a de um ano, só que acompanhada de muitas frutas.
* 7 - Nguecè Kassambá Muvu:ritual de obrigação de 7 anos, quando o iniciado receberá seu cargo, passado na vista do público, sendo elevado ao grau de Tata Nkisi (Zelador) ou Mametu Nkisi (Zeladora).
* As obrigações, são de praxe para os rodantes, porque Kota (ekedi) e Kambondo (ogã), ja recebem seus cargos na feitura, portanto já nascem com suas ferramentas de trabalho, dão suas obrigações para aprimorar seus conhecimentos.
* Em Angola, quem passa cargo são os enredos de Dandalunda. Isto é, não é preciso ser filho de Dandalunda, mas é ela quem autoriza aquela pessoa a receber o cargo.
* Após 7 anos de obrigações, se renovarão a cada ano com rito de obi ou borí, conforme o caso, repetindo-se as obrigações maiores de 7 em 7 anos para renovar e conservar o indivíduo forte, transformando-o em Kukala Ni Nguzu- Um ser fotte.
* Kunha Kele: Sacramento realizado 3 meses e 21 dias após a feitura (tirada de kele), quando o santo soltará a Kuzuela = Ilá.
Ordem de barco (sequência das pessoas recolhidas juntas para iniciação) na Angola
1º - Rianga, 2º - kaiadi, 3º - katatu, 4º - Kakuanam, 5º - katanu, 6º - Kassamanu, 7º - Kassambà.
Mitologia Afro-Descendente
Assim a mitologia dos orixás nos conta como Onilé ganhou o governo do planeta Terra:
Onilé era a filha mais recatada e discreta de Olodumare.
Vivia trancada em casa do pai e quase ninguém a via.
Quase nem se sabia de sua existência.
Quando os orixás seus irmãos se reuniam no palácio do grande pai
para as grandes audiências em que Olodumare comunicava suas decisões,
Onilé fazia um buraco no chão e se escondia,
pois sabia que as reuniões sempre terminavam em festa,
com muita música e dança ao ritmo dos atabaques.
Onilé não se sentia bem no meio dos outros.
Um dia o grande deus mandou os seus arautos avisarem:
Haveria uma grande reunião no palácio
e os orixás deviam comparecer ricamente vestidos,
pois ele iria distribuir entre os filhos as riquezas do mundo
e depois haveria muita comida, música e dança.
Por todos os lugares os mensageiros gritaram esta ordem
e todos se prepararam com esmero para o grande acontecimento.
Quando chegou por fim o grande dia,
cada orixá dirigiu-se ao palácio na maior ostentação,
cada um mais belamente vestido que o outro,
pois este era o desejo de Olodumare.
Iemanjá chegou vestida com a espuma do mar,
os braços ornados de pulseiras de algas marinhas,
a cabeça cingida por um diadema de corais e pérolas,
O pescoço emoldurado por uma cascata de madrepérola.
Oxossi escolheu uma túnica de ramos macios,
enfeitada de peles e plumas dos mais exóticos animais.
Ossaim vestiu-se com um manto de folhas perfumadas.
Ogum preferiu uma couraça de aço brilhante,
enfeitada com tenras folhas de palmeira.
Oxum escolheu cobrir-se de ouro,
trazendo nos cabelos as águas verdes dos rios.
As roupas de Oxumarê mostravam todas as cores,
trazendo nas mãos os pingos frescos da chuva.
Iansã escolheu para vestir-se um sibilante vento
e adornou os cabelos com raios que colheu da tempestade.
Xangô não fez por menos e cobriu-se com o trovão.
Oxalá trazia o corpo envolto em fibras alvíssimas de algodão
e a testa ostentando uma nobre pena vermelha de papagaio.
E assim por diante.
Não houve quem não usasse toda a criatividade
para apresentar-se ao grande pai com a roupa mais bonita.
Nunca se vira antes tanta ostentação, tanta beleza, tanto luxo.
Cada orixá que chegava ao palácio de Olodumare
provocava um clamor de admiração,
que se ouvia por todas as terras existentes.
Os orixás encantaram o mundo com suas vestes.
Menos Onilé.
Onilé não se preocupou em vestir-se bem.
Onilé não se interessou por nada.
Onilé não se mostrou para ninguém.
Onilé recolheu-se a uma funda cova que cavou no chão.
Quando todos os orixás haviam chegado,
Olodumare mandou que fossem acomodados confortavelmente,
sentados em esteiras dispostas ao redor do trono.
Ele disse então à assembléia que todos eram bem-vindos.
Que todos os filhos haviam cumprido seu desejo
e que estavam tão bonitos que ele não saberia
escolher entre eles qual seria o mais vistoso e belo.
Tinha todas as riquezas do mundo para dar a eles,
mas nem sabia como começar a distribuição.
Então disse Olodumare que os próprios filhos,
ao escolherem o que achavam o melhor da natureza,
para com aquela riqueza se apresentar perante o pai,
eles mesmos já tinham feito a divisão do mundo.
Então Iemanjá ficava com o mar,
Oxum com o ouro e os rios.
A Oxossi deu as matas e todos os seus bichos,
reservando as folhas para Ossaim.
Deu a Iansã o raio e a Xangô o trovão.
Fez Oxalá dono de tudo que é branco e puro,
de tudo que é o princípio, deu-lhe a criação.
Destinou a Oxumarê o arco-íris e a chuva.
A Ogum deu o ferro e tudo o que se faz com ele,
inclusive a guerra.
E assim por diante.
Deu a cada orixá um pedaço do mundo,
uma parte da natureza, um governo particular.
Dividiu de acordo com o gosto de cada um.
E disse que a partir de então cada um seria o dono
e governador daquela parte da natureza.
Assim, sempre que um humano tivesse alguma necessidade
relacionada com uma daquelas partes da natureza,
deveria pagar uma prenda ao orixá que a possuísse.
Pagaria em oferendas de comida, bebida ou outra coisa
que fosse da predileção do orixá.
Os orixás, que tudo ouviram em silêncio,
começaram a gritar e a dançar de alegria,
fazendo um grande alarido na corte.
Olodumare pediu silêncio,
ainda não havia terminado.
Disse que faltava ainda a mais importante das atribuições.
Que era preciso dar a um dos filhos o governo da Terra,
o mundo no qual os humanos viviam
e onde produziam as comidas, bebidas e tudo o mais
que deveriam ofertar aos orixás.
Disse que dava a Terra a quem se vestia da própria Terra.
Quem seria? Perguntavam-se todos?
"Onilé", respondeu Olodumare.
"Onilé?" todos se espantaram.
Como, se ela nem sequer viera à grande reunião?
Nenhum dos presentes a vira até então.
Nenhum sequer notara sua ausência.
"Pois Onilé está entre nós", disse Olodumare
e mandou que todos olhassem no fundo da cova,
onde se abrigava, vestida de terra, a discreta e recatada filha.
Ali estava Onilé, em sua roupa de terra.
Onilé, a que também foi chamada de Ilê, a casa, o planeta.
Olodumare disse que cada um que habitava a Terra
pagasse tributo a Onilé,
pois ela era a mãe de todos, o abrigo, a casa.
A humanidade não sobreviveria sem Onilé.
Afinal, onde ficava cada uma das riquezas
que Olodumare partilhara com os filhos orixás?
"Tudo está na Terra", disse Olodumare.
"O mar e os rios, o ferro e o ouro,
“Os animais e as plantas, tudo”, continuou.
"Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris,
tudo existe porque a Terra existe,
assim como as coisas criadas para controlar os homens
e os outros seres vivos que habitam o planeta,
como a vida, a saúde, a doença e mesmo a morte".
Pois então, que cada um pagasse tributo a Onilé,
foi a sentença final de Olodumare.
Onilé, orixá da Terra, receberia mais presentes que os outros,
pois deveria ter oferendas dos vivos e dos mortos,
pois na Terra também repousam os corpos dos que já não vivem.
Onilé, também chamada Aiyê, a Terra, deveria ser propiciada sempre,
para que o mundo dos humanos nunca fosse destruído.
Todos os presentes aplaudiram as palavras de Olodumare.
Todos os orixás aclamaram Onilé.
Todos os humanos propiciaram a mãe Terra.
E então Olodumare retirou-se do mundo para sempre
e deixou o governo de tudo por conta de seus filhos orixás .
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Narrado pelo oluô Agenor Miranda Rocha, em pesquisa de campo no Rio de Janeiro, em 1999. Fragmentos em Wande Abimbola, 1977, pp. 111; 1997 pp. 67-68. In: Reginaldo Prandi, Mitologia dos orixás. São Paulo, USP, 1999, inédito.
Onilé era a filha mais recatada e discreta de Olodumare.
Vivia trancada em casa do pai e quase ninguém a via.
Quase nem se sabia de sua existência.
Quando os orixás seus irmãos se reuniam no palácio do grande pai
para as grandes audiências em que Olodumare comunicava suas decisões,
Onilé fazia um buraco no chão e se escondia,
pois sabia que as reuniões sempre terminavam em festa,
com muita música e dança ao ritmo dos atabaques.
Onilé não se sentia bem no meio dos outros.
Um dia o grande deus mandou os seus arautos avisarem:
Haveria uma grande reunião no palácio
e os orixás deviam comparecer ricamente vestidos,
pois ele iria distribuir entre os filhos as riquezas do mundo
e depois haveria muita comida, música e dança.
Por todos os lugares os mensageiros gritaram esta ordem
e todos se prepararam com esmero para o grande acontecimento.
Quando chegou por fim o grande dia,
cada orixá dirigiu-se ao palácio na maior ostentação,
cada um mais belamente vestido que o outro,
pois este era o desejo de Olodumare.
Iemanjá chegou vestida com a espuma do mar,
os braços ornados de pulseiras de algas marinhas,
a cabeça cingida por um diadema de corais e pérolas,
O pescoço emoldurado por uma cascata de madrepérola.
Oxossi escolheu uma túnica de ramos macios,
enfeitada de peles e plumas dos mais exóticos animais.
Ossaim vestiu-se com um manto de folhas perfumadas.
Ogum preferiu uma couraça de aço brilhante,
enfeitada com tenras folhas de palmeira.
Oxum escolheu cobrir-se de ouro,
trazendo nos cabelos as águas verdes dos rios.
As roupas de Oxumarê mostravam todas as cores,
trazendo nas mãos os pingos frescos da chuva.
Iansã escolheu para vestir-se um sibilante vento
e adornou os cabelos com raios que colheu da tempestade.
Xangô não fez por menos e cobriu-se com o trovão.
Oxalá trazia o corpo envolto em fibras alvíssimas de algodão
e a testa ostentando uma nobre pena vermelha de papagaio.
E assim por diante.
Não houve quem não usasse toda a criatividade
para apresentar-se ao grande pai com a roupa mais bonita.
Nunca se vira antes tanta ostentação, tanta beleza, tanto luxo.
Cada orixá que chegava ao palácio de Olodumare
provocava um clamor de admiração,
que se ouvia por todas as terras existentes.
Os orixás encantaram o mundo com suas vestes.
Menos Onilé.
Onilé não se preocupou em vestir-se bem.
Onilé não se interessou por nada.
Onilé não se mostrou para ninguém.
Onilé recolheu-se a uma funda cova que cavou no chão.
Quando todos os orixás haviam chegado,
Olodumare mandou que fossem acomodados confortavelmente,
sentados em esteiras dispostas ao redor do trono.
Ele disse então à assembléia que todos eram bem-vindos.
Que todos os filhos haviam cumprido seu desejo
e que estavam tão bonitos que ele não saberia
escolher entre eles qual seria o mais vistoso e belo.
Tinha todas as riquezas do mundo para dar a eles,
mas nem sabia como começar a distribuição.
Então disse Olodumare que os próprios filhos,
ao escolherem o que achavam o melhor da natureza,
para com aquela riqueza se apresentar perante o pai,
eles mesmos já tinham feito a divisão do mundo.
Então Iemanjá ficava com o mar,
Oxum com o ouro e os rios.
A Oxossi deu as matas e todos os seus bichos,
reservando as folhas para Ossaim.
Deu a Iansã o raio e a Xangô o trovão.
Fez Oxalá dono de tudo que é branco e puro,
de tudo que é o princípio, deu-lhe a criação.
Destinou a Oxumarê o arco-íris e a chuva.
A Ogum deu o ferro e tudo o que se faz com ele,
inclusive a guerra.
E assim por diante.
Deu a cada orixá um pedaço do mundo,
uma parte da natureza, um governo particular.
Dividiu de acordo com o gosto de cada um.
E disse que a partir de então cada um seria o dono
e governador daquela parte da natureza.
Assim, sempre que um humano tivesse alguma necessidade
relacionada com uma daquelas partes da natureza,
deveria pagar uma prenda ao orixá que a possuísse.
Pagaria em oferendas de comida, bebida ou outra coisa
que fosse da predileção do orixá.
Os orixás, que tudo ouviram em silêncio,
começaram a gritar e a dançar de alegria,
fazendo um grande alarido na corte.
Olodumare pediu silêncio,
ainda não havia terminado.
Disse que faltava ainda a mais importante das atribuições.
Que era preciso dar a um dos filhos o governo da Terra,
o mundo no qual os humanos viviam
e onde produziam as comidas, bebidas e tudo o mais
que deveriam ofertar aos orixás.
Disse que dava a Terra a quem se vestia da própria Terra.
Quem seria? Perguntavam-se todos?
"Onilé", respondeu Olodumare.
"Onilé?" todos se espantaram.
Como, se ela nem sequer viera à grande reunião?
Nenhum dos presentes a vira até então.
Nenhum sequer notara sua ausência.
"Pois Onilé está entre nós", disse Olodumare
e mandou que todos olhassem no fundo da cova,
onde se abrigava, vestida de terra, a discreta e recatada filha.
Ali estava Onilé, em sua roupa de terra.
Onilé, a que também foi chamada de Ilê, a casa, o planeta.
Olodumare disse que cada um que habitava a Terra
pagasse tributo a Onilé,
pois ela era a mãe de todos, o abrigo, a casa.
A humanidade não sobreviveria sem Onilé.
Afinal, onde ficava cada uma das riquezas
que Olodumare partilhara com os filhos orixás?
"Tudo está na Terra", disse Olodumare.
"O mar e os rios, o ferro e o ouro,
“Os animais e as plantas, tudo”, continuou.
"Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris,
tudo existe porque a Terra existe,
assim como as coisas criadas para controlar os homens
e os outros seres vivos que habitam o planeta,
como a vida, a saúde, a doença e mesmo a morte".
Pois então, que cada um pagasse tributo a Onilé,
foi a sentença final de Olodumare.
Onilé, orixá da Terra, receberia mais presentes que os outros,
pois deveria ter oferendas dos vivos e dos mortos,
pois na Terra também repousam os corpos dos que já não vivem.
Onilé, também chamada Aiyê, a Terra, deveria ser propiciada sempre,
para que o mundo dos humanos nunca fosse destruído.
Todos os presentes aplaudiram as palavras de Olodumare.
Todos os orixás aclamaram Onilé.
Todos os humanos propiciaram a mãe Terra.
E então Olodumare retirou-se do mundo para sempre
e deixou o governo de tudo por conta de seus filhos orixás .
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Narrado pelo oluô Agenor Miranda Rocha, em pesquisa de campo no Rio de Janeiro, em 1999. Fragmentos em Wande Abimbola, 1977, pp. 111; 1997 pp. 67-68. In: Reginaldo Prandi, Mitologia dos orixás. São Paulo, USP, 1999, inédito.
sexta-feira, 26 de março de 2010
Os Mandamentos de Ética nas Religiões de Tradição Afro-Brasileira
MANDAMENTOS DE ÉTICA
- Conceitos cristãos de pecado, não fazem parte de nosso universo religioso.
- Cada Babalorixá /Iyalorixá ou Dirigente Espiritual cuida de colocar suas próprias normas dentro de suas Casas. Isto ocorre até porque não temos um único Mandatário Supremo, todos são supremos em seus Axés.
- Não impossibilita que todos se unam para zelar pelos "Códigos de Ética" que sempre existiram só assim nossas tradições terão um lugar de respeito e credibilidade.
- A Umbanda e os Cultos Afro-brasileiros devem manter a tradição religiosa e cultural de seu grupo, sem misturas e enxertos,
- Deixem de se preocupar apenas com a parte litúrgica, para também se dedicarem ao bem-estar das pessoas, da comunidade como um todo,
- A preservação do meio ambiente, pois somos uma religião ecológica por excelência.
- Respeitar a nação do outro, pois todos os segmentos têm origem em comum, na Mãe África
- Respeitar os mais velhos e com o diálogo entre as gerações a fim de se tirar o melhor proveito com seriedade e dignidade.
- Nas festas religiosas, devemos nos preocupar com nossos convidados e dar-lhes a atenção devida, também fazendo com que todo o Egbé saiba se portar e respeitar.
- Não confundam religião com "questões sexuais", temos uma religião liberal que não nos castra. Entretanto, muitos se aproveitam de seus cargos e postos para desfilarem frustrações sexuais e travestirem nossa Religião colocando-nos em descrédito perante as autoridades e à própria sociedade;
- Devemos lutar pela união sincera e verdadeira das pessoas interessadas na preservação dos nossos segmentos religiosos. A discórdia, a desunião, a intriga só enfraquece a própria religião.
- Cada um deve fazer sua parte, com critérios, com seriedade, com dignidade. Não devemos nos ver como concorrentes, mas como membros unidos de um mesmo corpo. Precisamos acabar com a idéia de que um é melhor que o outro. Para nossos Deuses somos todos iguais.
- Vamos lutar para que os Congressos sejam fórum de grandes decisões, de momentos de verdadeiras reflexões, de congraçamentos, de bons e felizes reencontros e não que deixemos nossos lares para nos degladiar.
- Não devemos confundir pontos de vista diferentes com geração de ódio. Isso não é ético;
- Vamos valorizar com toda sinceridade as diferentes formas tradicionais dos cultos afros. Lutemos por uma união e não por uma unidade.
- Resgatar a língua de cada culto.
- Usar nossos títulos corretamente.
- É de suma importância zelar pela dignidade da tradição e cultura Afro-brasileira;
- Somos todos tradicionalistas, desde que sigamos nossos rituais e costumes legados por nossos antepassados. Esta é uma postura ética que precisa ser levada em conta: da Umbanda, do Kêtú, do Mina Jêje, do Ifon, da Angola, do Jêje Mahi, do Omolocô, do Nagô Egbá, do Alakêtú, do Mina Nagô, da Encantaria, da Tradição de Orixá ou do Fanti-Ashanti,
- A exploração que alguns sacerdotes fazem com seus filhos é imoral. Tenta-se criar a idéia de que quanto mais dinheiro, mais axé, e assim torna-se comércio.
- "Jogo de Búzios" hoje feito em praças públicas, viadutos, feiras esotéricas, shoppings, que tanto entristecem os tradicionalistas.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Apresentações
O motivo da criação deste foi em primeiro lugar: desvincular a religião dos Orixás, da religião cristã e das religiões com doutrinas espíritas., posto que no culto aos Orixás o ser humano é parte da natureza e não o centro do universo. Oque cultuamos é a Mãe Natureza, o meio ambiente, os quatro elementos, as quatro estações, os quatro pontos cardeais, as folhas, assim por diante.
Em Segundo lugar: Um enorme trabalho com o povo de Axé ,de conscientização em conservação e preservação ao meio ambiente já que a natureza para nós é o Sagrado.
Quero também passar os ensinamentos que angariei nesta minha trajetória de 38 anos de iniciação, que estou ainda trilhando, e que não pretendo levá-las para debaixo da terra. Nossa religião é uma fé de tradição oral e muitos fundamentos já foram enterrados, pois antigamente era um tabu escrever um livro ou uma apostila, os cadernos eram guardados a sete chaves. "Aquilo que não se escreve se perde no vento" (Ialorixá Stela d'Oxosi Odékaiode Ile Axé Opo Afonjá).
Minha proposta maior é acabar com o sincretismo do calendário religioso cristão.
Já que Santa Barbara não é Iansã!
Porque os candomblés param suas atividades na quaresma?
Porque a fogueira de Xangô é comemorada no São João 24/06?
Em Segundo lugar: Um enorme trabalho com o povo de Axé ,de conscientização em conservação e preservação ao meio ambiente já que a natureza para nós é o Sagrado.
Quero também passar os ensinamentos que angariei nesta minha trajetória de 38 anos de iniciação, que estou ainda trilhando, e que não pretendo levá-las para debaixo da terra. Nossa religião é uma fé de tradição oral e muitos fundamentos já foram enterrados, pois antigamente era um tabu escrever um livro ou uma apostila, os cadernos eram guardados a sete chaves. "Aquilo que não se escreve se perde no vento" (Ialorixá Stela d'Oxosi Odékaiode Ile Axé Opo Afonjá).
Minha proposta maior é acabar com o sincretismo do calendário religioso cristão.
Já que Santa Barbara não é Iansã!
Porque os candomblés param suas atividades na quaresma?
Porque a fogueira de Xangô é comemorada no São João 24/06?
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