terça-feira, 18 de maio de 2010

Verger e o Candomblé


Orixás : Verger e o Candomblé

"O Candomblé é para mim muito interessante por ser uma religião de exaltação à personalidade das pessoas. Onde se pode ser verdadeiramente como se é, e não o que a sociedade pretende que o cidadão seja. Para pessoas que têm algo a expressar através do inconsciente, o transe é a possibilidade do inconsciente se mostrar". No seu contato com o candomblé - como freqüentador, amigo e iniciado - Verger foi cuidadoso e paciente. Ganhou afeto, proteção, conhecimento e, para honrar a confiança que nele foi depositada, passou o resto da vida registrando lendas, liturgias e procedimentos, em suas fotos e livros, que se tornaram fonte segura de informação para adeptos, pesquisadores e curiosos.

"Só em 1948, dois anos após minha chegada à Bahia e uma longa viagem pelo Recife, Haiti e Guiana Holandesa é que comecei a dar-me conta da importância do Candomblé e do papel que desempenha, dando dignidade à maioria dos habitantes desse lugar, descendentes de africanos". Foi em 1948 também que ele esteve pela primeira vez no Ilê Axé Opô Afonjá, pouco antes de partir para a África, onde teria uma bolsa de estudos para fotografar rituais religiosos. Mãe Senhora se ofereceu para consagrar a sua cabeça a Xangô. Iniciou-se aí a longa amizade de Verger com o povo de santo.

Na África, esteve com descendentes dos antigos soberanos que originaram os mitos; conheceu os locais sagrados, assistiu e participou de rituais. Quando estava na Bahia, continuava o aprendizado: "O interessante é você conviver, fazer as mesmas coisas e participar sem intenção de entender. Participando, a coisa fica completamente diferente. Foi o que aconteceu comigo aqui. Eu convivia no terreiro do Opô Afonjá, fazia as mesmas coisas das pessoas da Casa, sem saber o porquê, nem como. Vivia em comum tomando parte das preocupações, das crenças".

Além do Afonjá, Verger freqüentou muitos outros terreiros, como a Casa Branca, as casas de Joãozinho da Goméia, Joana de Ogum e Catita, onde tinha muitos amigos e, depois de alguns anos, o Aganju, fundado pelo sacerdote e amigo Balbino Daniel de Paula, com a sua ajuda. Até o final da vida, entretanto, Verger se declarava um "francês racionalista" que não tinha "sentimentos religiosos muito fortes", ainda que talvez não fosse tão cético assim. O fato é que a profundidade do seu conhecimento somado à sua vida monástica e temperamento misterioso o tornaram um referencial para pessoas de todos os credos.

3 comentários:

  1. A REFERÊNCIA DE VERGER É TANTA QUE SÓ CONSIGO ME LEMBRAR EM SEU DEPOIMENTO, DE VIVA VOZ,DIZENDO QUE NÃO ACREDITA EM POSESSÃO.
    A BASE DE NOSSA RELIGIÃO E ELE NEGA, TCHAU VERGER, BOA ESTADA DENTRO DOS 9.

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  2. Prezado Anônimo

    Possessão deve ser a base da sua religião e não a dos Orixás pois, quem sofre possessão são os espíritas, que não somos e cristãos.
    Nós do Orixá emanamos energia do Orixá a que pertencemos. Pesquise sobre Gberes (curas) que vc. vai entender melhor.
    Obrigado.

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  3. Respeitar os mortos também é fundamental em nossa tradição religiosa. Os Egunguns ou como queira chamar nossos antepassados.
    No caso de Pierre Verger só temos que agradece-lo, afinal quem não tem o livro ORIXÁS ou qualquer outra publicação deste que só divulgou e engrandeceu o Culto aos Orixás?
    Pierre Fatumbi Verger esteja em um Bom lugar e m Paz.
    Obrigado.

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