Pierre Verger - Fotografia - Salvador - BA.
OBÀLÚWÀIYÉ
O lugar de origem de Obàlúwàiyé é incerto mas há grandes possibilidades de que tenha sido em território Tapá ou Nupê. Ele é um dos Orixás mais temidos e mais populares entre nós. É o Senhor das pestes, das moléstias. É o rei da terra, do interior da terra. Considerado o Orixá Deus da varíola ou o Médico dos pobres. É o Orixá que gera o bom funcionamento do organismo humano.
Obaluaiye
A-soro-'pe-l'erun
Aquele cujo nome não deve ser pronunciado durante a estação das secas Obaluaiye, palavra constituída pela contração de Oba-'lu'aiye, o rei que é o senhor da terra é também chamado Oluwa Aiye, Senhor da terra. A ele se pede licença para o uso da terra. Por exemplo, quando um iorubá vai jogar água fora da casa, no chão, normalmente diz: Ago o Olode! Desculpe-me, ó Olode! Olode é palavra originária da contração de Ol e abreviação de Oni (Senhor ou dono), pois, Senhor (ou dono) do aberto. Sua permissão é solicitada em festas:
Deixe-me obter a permissão do senhor da terra,
Se ele nos permitirá dançar;
A hospitalidade de Obaluaiye é solicitada no cultivo da terra:
O fazendeiro poderia ser extraordinariamente agradado,
O algodão não queimaria e desagradaria o fazendeiro;
O fazendeiro poderia ser extraordinariamente agradado,
Não manuseamos as ferramentas e desagradamos Olode;
Olode poderia ser extraordinariamente agradado.
É invocado pelos nomes Ile-gbona, terra quente e Baba Pai, e não por seu nome original - Soponna, palavra que em iorubá significa varíola. Senhor da varíola, inspira terror e respeito por punir com essa doença os faltosos.
Seu castigo, como o de Xangô, é considerado punição nobre. Assim, quando alguém morre de varíola, sua morte não deve ser lamentada. Pelo contrário. Deve ser aceita com alegria e gratidão. Daí origina-se outro de seus nomes: Alapadupe - o que mata e a quem devemos ser agradecidos por haver morto. Alguns anciãos dizem que Obaluaiye é irmão mais novo de Xangô. Esta crença leva os devotos de Xangô a considerarem-se imunes à fúria de Obaluaiye e os vice-versa. Uma expressão disso é a seguinte: Não há dano que o irmão mais velho possa infligir aos filhos do irmão mais novo. Estes orixás são tão familiares entre si que, segundo narrações tradicionais, Obaluaiye freqüentemente refere-se a Xangô em tom de brincadeira, dizendo, por exemplo, que quando Xangô vai destruir uma única pessoa, faz enorme alarde, com extraordinários efeitos de luz e som (relâmpagos e raios), enquanto ele próprio destruirá centenas de pessoas silenciosamente.
Obaluaiye proíbe a mentira, o envenenamento e a magia negra. Usa roupa vermelha e viaja quando o sol está bem quente. Por isso, as pessoas são desaconselhadas a usarem roupa vermelha e andarem sob o sol para não lhe causarem aborrecimento. Cuidados especiais devem ser tomados durante a estação das secas, de modo a não adotar nenhum procedimento que possa ofendê-lo. Isto é compreensível porque a varíola é mais freqüente e espalha-se mais facilmente durante esse período. Por ser particularmente atuante durante a estação das secas é chamado A-soro-'pe-l'erun, Aquele cujo nome não deve ser pronunciado durante a estação das secas.
Seu santuário fica normalmente fora de casa ou da aldeia, às vezes, no bosque. Entretanto, pode permanecer no interior de casa ou da aldeia. Em seu assentamento encontramos um pote de barro de boca larga, chamado agbada, repousando sobre um montículo de terra. Ao lado, fica uma vassoura especial, feita de ose potu (sida carpinifolia) e untada com osun.
Mitologia: Filho de Nàná – que o abandonou por ser doente – foi criado por Yemojá. É irmão mais velho de Ossain, Oxumarê e Ewá, Orixá fundamentalmente da nação Jêje, mas louvado em todas as nações, devido a sua importância.
Precauções: Doenças transmissíveis, intoxicações, fogo e mar.
Elemento: Terra.
Dia da Semana: Segunda – feira.
Semana Yorubá: Ojo Isegun.
Cor: Vermelho terra, preto e branco.
Saudação: Atotô.
Adorador: Omo Olúwàiyé.
Metal: Estanho.
Mineral: Búzios.
Pedra Preciosa: Ônix.
Profissão: Antropologia, geologia, museologia, medicina, química, veterinária e arqueologia.
Poder: Domínio sobre as doenças epidêmicas, sobre tudo a varíola, como também todas as doenças sexualmente transmissíveis.
Força da Natureza: O Sol e os Vulcões.
Fruto: Abacaxi, Laranja lima, Lima, Obi e todas as frutas que crescem presas ao tronco das árvores.
Flor: Bananeira silvestre.
Comidas secas: Feijão preto, pipocas, aberém, agbadô.
Aves: Galos, galinhas de angola, patos e pombos.
Quadrúpedes: Bode e Porco.
Èèwò: Caranguejo, carneiro, peixe de pele (água doce), banana prata, jaca, melão, abóbora e frutos de plantas trepadeiras.
Símbolos: Xaxará, lanças, brajás (colares de búzios).
Indumentária: Vermelha e preta com capuz (Azê) e saiote de palhas da costa.
Ritmos: Ilu, Ìgbín, Hamunyia, Opanijé (Ele mata qualquer um e come).
Folhas: Todas as plantas parasitas (afomã) que crescem nas árvores de grande porte, pertencem a este Orixá .
Àfòmón – Struthantus brasiliensis Lank . , LORANTHACEAE – Erva de passarinho.
Àfón – Clitoria guyanensis Benth , LEGUMINOSAE – Espelinha falsa.
Àmù – Cuphea balsamona Cham. et Schr., LYTHRACEAE – Sete sangrias.
Àpèjebí – Stemodia viscosa L., SCROPHULARIACEAE – Rabujo.
Bujè – Genipa americana V., RUBIACEAE – Jenipapo.
Kankanesin – Centrosema brasilianum Benth , LEGUMINOSAE – Patinho roxo.
Odán – Phoradendrom crassifolium Pohl et Sch., LORANTHACEAE – Erva de passarinho.
Tó – Pavonia cancellata Car., MALVACEAE – Baba de boi.
Àkùko – Heliotropium indicum L., BORAGINACEAE – Fedegoso.
Arquétipo: dos filhos desse Orixá é o das pessoas com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus sofrimentos e as tristezas das quais tiram uma satisfação íntima. Pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida lhes corre tranqüila. Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. Pessoas que em certos casos sentem-se capazes de se consagrar ao bem estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais. Possuem a marca do Òrìsà no corpo, reservados e caseiros, o que é seu é seu, não admitem que nada lhes seja tomado; muita intuição.
Cargos do Ilé Olúwàiyé: Assobá, Agimuda.
Sincretismo: São Lázaro ou São Roque.
Obs.: Nas casas em que possui, culto de Babá Egun, ele vem em segundo lugar na ordem do sirè, ou seja, logo após Ogun.
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