sábado, 26 de junho de 2010

ÌYÀMI e o MITO da CRIAÇÃO

Ìyàmi está intimamente ligada ao mito ioruba da criação do mundo. Vários autores o escreveram sem se aperceberem. O único que que o sugere é Maupoil, como veremos mais adiante.
Examinando o que escrevem estes primeiros autores, sobre os orixás da criação, podemos ver o mito evoluir através das sucessivas interpretações.
O Rev. S. Crowther, definia em 1852(Crowther, S. A.: A vocabulary of the Yoruba Language, Londres, 1852):"Obátálá ou Orixalá, a grande deusa dos iorubas, que supõe-se ser a artesã do corpo humano". Numa outra rubrica, escreve. "Odùduwà ou Oòduà, deusa de Ifé, dita deusa suprema do mundo. O céu e a terra são também chamados Odùduwà, o céu e a terra são duas grandes cabaças, que tendo sido fechadas não podem nunca serem abertas."
O Rev. Bowen publica(Bowen A Grammar and Dictionary of the Yoruba Language, Washington, 1858.)que "Obátálà é tido por ser a primeira e a maior coisa criada; um outro de seus nomes é Orixánlá, o grande Orixá, sua mulher Iyáàgbà, a mãe que recebe, é representada acariciando uma criança, mas Iyáàgbà, ela própria, é Obátálà. Os dois são um, ou em outras palavras Obátálà é andrógino, representando a energia fecunda da natureza, despreendida do poder criador de Deus." Bowen indica em outro trecho, no que diz respeito a Oduduwà, que ele é o universo e que está situado em Ifé.
O abade Pierre Bouche publica um livro em 1885( La Côte des Esclaves et le Dahomey, Paris, p.113.)sobre a Costa dos Escravos, onde ele esteve a partir de 1866. Ele fala com ternura da crença em Ìyáàgbà, "esta deusa que parece tanto com a Santa Virgem. Como ela, segura uma criança em seus braços; ela se chama a mãe que salva, ela salvou os homens."
O autor não desconfiava que Ìyáàgbà, que elogiava tanto, não era outra, que Ìyámi, a feiticeira a mãe poderosa e implacável.
O Pe. Noël Baudin escreve em 1884 que Obàtálà é o maior dos seres que Deus, o Ser supremo, enviou no princípio. Colocou-o junto com outros espíritos na região superior do universo e o uniu a Odùduwá, tornando-se sua esposa. Odùduwá, que se chama também Ìyáàgbà, a mãe que recebe, habita as regiões inferiores do universo".
R. P. Baudin reúne em um só casal Obàtálà e Odùduwà, divindades cujos mitos estavam separados, e, retomando para o casal a definição dada por Crowther somente para Odùduwà, escreve que no "no princípio eles estavam estreitamente comprimidos e como que fechados dentro de uma grande cabaça". Ele reconstitue, sem o saber, o casal Obàrixà-Odù do mito da criação do pano de Egun, do qual Obatalá-Obarixá se apoderou após ter acalmado Odù-Iya àgbà (Baudin tinha identificado Iyá àgbà com Odudua) ensinando as virtudes alimentares dos caracóis.
Ele continua em seguida: "Obatalá estava em cima, sob a tampa, e Odùduwà em baixo, no fundo, submersa sob as águas, envolta em profundas trevas que a noite, o medo e a fome percorriam em todos os sentidos. Ela não era mais do que uma massa agitada, sem forma nem rosto e cega."
A. B. Ellis publica o livro The Yoruba speaking people, Londres, 1894, p. 38, dez anos mais tarde copiando, sem dar as fontes, os autores precedentes. Iyá àgbà torna-se Iya àgbe e indica Odudua não mais como a "grande deusa dos negros", mas como " a grande deusa negra", acreditando, sem levar em consideração os tons, que seu nome provinha de dudu/negro. Conclui, com a maior fleugma, um admirável sistema binário composto de elementos compostos de elementos opostos e complementares, onde o masculino se opõe ao feminino, o dia a noite, o bem ao mal, o branco ao negro. Mas, sobre este ultimo ponto, o erro é acerto, pois todos os adeptos de Odudua em Porto Novo, usam colares brancos porque Odudua é o nome dado a Obatalá naquela cidade.
Para concluir a exposição das estranhas interpretações que o padre Baudin dava, no século passado, às tradições orais por ele recolhidas, citamos ainda:"os fetichistas dizem ao povo que Odùduwà foi deixada feia e cega em conseqüência de uma briga caseira , na qual Obatalá arrancou os olhos de sua companheira para força-la a ficar em repouso. Ela, em sua cólera, o amaldiçoa e lhe diz: "Você terá os caracóis como comida. Olorun Olodumaré, Deus todo-poderoso invocado por Odùduwà para que lhe devolvesse a visão, declarou que como punição ela continuaria cega, mas Obàtálá, por ter cedido à cólera, comeria caracóis. É, com efeito, o principal sacrifício que os negros oferecem a Obàtálá".
A interpretação dada pelo padre Baudin, a respeito do simbolismo das oferendas de caracóis,parece ter sido feita um pouco apressadamente e não corresponde nem um pouco àquele de calma e serenidade expresso pela tradição oral atual, da qual uma amostra nos é dada pelo comentário de Odú "que nunca tinha comido nada tão bom".
Lydia Cabrera no livro El Monte, Havana, 1954, p.392, encontrou entre os descendentes lucumi (iorubas) em Cuba,um mito muito próximo daquele do padre Baudin.
"Odua ou Obatalá, o criador do gênero humano, e Yenmu, sua mulher, moravam em uma cabaça com dezesseis caracóis. Um dia brigaram e Obatalá lhe arrancou os olhos." O mito é o mesmo, mas o episódio da maldição das comidas de caracóis não existe. O casal criador é o mesmo que se encontra no templo de Obatalá em Ifé, onde sua companheira Yèyémòwó está a seu lado.
Reencontramos o mesmo casal criador, citado por Bernard Maupoil op. cit., p. 71, entre os daomeanos que o tomaram emprestado dos iorubas. "Mawu e Lisa evocam a união da terra e do céu; a cabaça fechada os une em um mesmo símbolo, e então Mawu-lisa são substituídos por um princípio esotérico, confuso hoje em dia, que leva o nome de Odù (tratado mais acima na parte ìgbádù)."
Um outro mito da criação me foi dado. É comprido e sai do assunto deste artigo. Darei, pois, somente o começo:
"Erè pôs no mundo um pote odù. Ela deposita dentro dele quatro ovos. Um deles rola para fora do pote e se quebra, Olodù, é Olódù omó Erè, Olódù filho de Erè. O segundo é Odùduà ou Òrixàá; o terceiro, Odúà, e o quarto é Odù logbo oje eléyinjúegé 9 a dona de olhos delicados), a única mulher entre eles e que é àjé; tem muito mais poderes que os outros".
A partir destas histórias, vemos que Iyàmi estava presente no começo do mundo. Mas, se para o abade Bouche Iyà àgbà era uma deusa como a Santa Virgem, a mãe que salva; para o sacerdote do orixá era a mãe poderosa e temível, a mãe sempre em cólera.

fonte:Pierre Fatumbi Verger: Artigos / - São Paulo: Corrupio, 1992

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Oxumarê

ÒSÙMÀRÈ

Òsùmàrè é o arco-íris que vai colorir o céu. É a beleza da cor, a hipnose da serpente, a felicidade do lucro, a continuidade da vida. Òsùmàrè é a atividade e a mobilidade. É o Senhor de tudo que é alongado. Ele é o símbolo da continuidade e da permanência, é representado por uma serpente que morde a própria cauda.

Òsùmàrè na África
É a cobra-arco-íris em nagô, uma de suas funções é a de dirigir as forças que dirigem o movimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado. O cordão umbilical que está sob o seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore.
Ele representa também a riqueza e a fortuna, um dos benefícios mais apreciados no mundo dos iorubás. Em alguns pontos se confunde com o Vodun Dan da região dos Mahi.
É o símbolo da continuidade e da permanência, algumas vezes, é representado por uma serpente que morde a própria cauda. Oxumarê é um orixá completamente masculino, porém algumas pessoas acreditam que ele seja macho e fêmea, porém o orixá feminino que se iguala a Oxumarê é Ewá sua irmã gêmea que tem domínios parecidos com o dele. Enrola-se em volta da terra para impedí-la de se desagregar. Rege o princípio da multiplicidade da vida, transcurso de múltiplos e variados destinos.
De múltiplas funções, diz-se que é um servidor de Xangô, que seria encarregado de levar as águas da chuva de volta para as nuvens através do arco-íris.
É o segundo filho de Nanã, irmão de Osanyin, Ewá e Obaluayê, que são vinculados ao mistério da morte e do renascimento. Seus filhos usam colares de búzios entrelaçados formando as escamas de uma serpente que tem o nome de Brajá, usam também o Lagdigbá como Nanã e Omolu. Oxumarê no Brasil
No Brasil, as pessoas dedicadas a Oxumarê usam colares (fio-de-contas) de missangas ou contas de vidro amarelas e verdes; a terça-feira é o dia da semana que lhe é consagrado. Seus iniciados usam Brajá - longos colares de búzios, enfiados de maneira a parecerem escamas de serpente, e trazem à mão um ibiri, espécie de vassoura feita com nervuras das folhas de palmeiras. Quando dançam levam nas mãos pequenas serpentes de metal, apontam o dedo indicador para o céu e para a terra, num movimento alternado. A Suas oferendas são feitas de patos, feijão, milho e camarões cozidos no azeite de dendê.
Certa lenda conta que ele era, outrora, um (Babalawo) adivinho, "filho de proprietário-da-estola-de-cores-brilhantes". Em outra lenda o mesmo tema aparece: "Este mesmo Babalawo Oxumarê vivia explorado por Olofin-Odudúa, o rei de Ifé, seu principal cliente". Oxumarê consultava-lhe a sorte de quatro em quatro dias.
Sua nação é o Jeje, onde é considerado como Dan, e tido como rei do povo Djedje (jeje) é uma palavra de origem yorubá que significa estrangeiro, forasteiro e estranho; que recebeu uma conotação pejorativa como “inimigo”, por parte dos povos conquistados pelos reis de Dahomey e seu exército.
Na nação Jeje, sua cor é o amarelo e preto de miçangas rajadas. Já no Ketu, suas cores são o verde e amarelo intercaladas. Porém essas cores definem apenas o fio-de-contas, pois todas as cores do arco-íris lhe pertencem.
Seus filhos, assim como conta a lenda de Oxumarê, em sua maioria no início passam por muitas dificuldades, quase miseráveis, porém mais tarde, dando a grande volta em seu caminho, se tornando ricos, poderosos, e muitas vezes orgulhosos. Porém, nunca se negam a ajudar quando alguém realmente precisa deles. E não raro, é ver um filho de Oxumarê se desfazer de algo seu, em favor do necessitado, com a maior facilidade... Contrapondo seu estado de orgulho e ostentação, a exibir sua riqueza.
São pessoas de temperamento fácil de lidar estando calmas, porém, se torna terrível quando com raiva, representando nesse estado a Serpente, que vem trazendo o lado negativo de Oxumarê, o seu lado mais perigoso.
Oxumarê dentro do candomblé se divide em duas qualidades: - Oxumarê macho, representado pelo arco-íris _ Oxumarê fêmea, chamado de FREKUEM, representado pela Serpente. Identificado no jogo do merindilogun pelo odu Iká e representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba oxumare.

Mitologia: Irmão gêmeo de Ewá e tem como irmãos mais velhos Osányìn e Omolú – todos filhos de Nàná – Òsùmàrè sempre foi frágil, franzino, mas dotado de grande inteligência e capacidade.

Precauções: Cuidado com eletricidade, raios e chuvas fortes.

Elemento: terra / água.

Dia da Semana: Terça-feira.

Semana Yorubá: Ojo Isegun.

Cor: Amarelo e preto.

Saudação: Awo boboi.

Adorador: Omo Òsùmàrè.

Metal: Prata e Cobre.

Mineral:

Pedra Preciosa: Ágata e Safira.

Profissão: Viajante, veterinária, pedagogia e jornalismo.

Poder: Sustentar o planeta Terra.

Força da Natureza: Arco-íris.

Fruto: todas aquelas que enramam banana da terra, maracujá, obí.

Flor: Palmas amarelas.

Comida seca: feijão fradinho, milho de galinha, batata doce, ovos cosidos, camarões cosidos.

Aves: galos, patos, pombos e galinhas de angola em cores claras com base no marrom.

Quadrúpedes: bodes claros.

Èèwò: peixe seco ou defumado, carneiro.

Símbolo: Serpente tacará (fruto do Norte), alfanje, turbante com trança colorida, Ibiri Idan.

Indumentária: Verde claro com detalhes de cores do arco-íris, Branco, Azul claro, Amarelo.

Ritmos: Ilu, Ego, Adahun, Hunto, Sato.

Folhas:
Ewé Kúkún-dùkùn – Ipomea batatas L. , CONVOLVULACEAE – Batata-doce.
Pèrègúnkò - Dracaena brasiliensis L . , AGAVACEAE – Coqueiro de Vênus.

Arquétipo: São os das pessoas que desejam ser ricas, das pessoas pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem seus sacrifícios para atingirem seus objetivos. Suas tendências à duplicidade podem ser atribuídas à natureza andrógina de seu Orisá. Com o sucesso tornam-se facilmente orgulhosas e pomposas e gostam de demonstrar sua grandeza recente. Não deixam de possuir certa generosidade e não se negam a estender a mão em socorro àqueles que dela necessitam. Dinâmicos e curiosos – inteligentes, espertos, pacientes, perseverantes, exibicionistas, raivosos, possuem cacoetes, dão o bote sem esperar.

Cargo no Ilé Olúwàiyé:

Sincretismo: São Bartolomeu e festejado no dia 24 de agosto.

Arte:
Oxumare - escultura de Carybé em madeira, em exposição no Museu Afro-Brasileiro, Salvador, Bahia, Brasil.

domingo, 20 de junho de 2010

Nanã

NÀNÁ

É o Orisá da vida que representa a morte. É a passagem, a fronteira entre a vida e a morte. Senhora da Morte, é a lama, é a terra em contato com a água. Nàná é o pântano, o lodo sua principal morada e regência. A mais temida entre todos os Orisás. A mais respeitada, a mais velha, poderosa e séria; ela é o encantamento da própria morte. É a força da natureza que o homem mais teme, pois, ninguém quer morrer! Nàná é: a mãe boa; querida; carinhosa; compreensível; sensível; bondosa, mas que, irada, não conhece ninguém. E por isso tudo; devemos o máximo respeito e carinho.

Nanã Buruku

Oh, Buruku, o que te peço, se não quiseres conceder,

é da tua conta! (oração ewe)

Oh, Buruku, deixa-me negociar

sem nenhum proveito! (oração iorubá)

Entre os ewe e os fon da República do Benin (Daomé) Deus é conhecido como Nanã Buluku. Adotada pelos egba sob o nome Buruku, veio a ser cultuada entre os iorubás como divindade e não como o Ser Supremo. Em ewe e fon, a expressão Nana Buruku tem o seguinte significado: Nana = velho ou antigo / buruku é o nome de Deus. Assim, Nanã Buruku significa Deus Antigo. Foi levada para Abeokuta pelos sabe, um povo vizinho, mais especificamente, por uma mulher escrava e é considerada particularmente poderosa por ser filha do Ser Supremo. Por essa razão é chamado também de Omolu, literalmente, filho de Deus (Omo Oluwa: Omo = filho /Oluwa = Deus).

Tanto os ewe como os egba consideram Buruku andrógino. Entre os iorubás, é chamado Buruku, o aspecto masculino e Omolu, o feminino. É cultuada principalmente por mulheres, sendo as formas ritualísticas semelhantes às adotadas pelos ewe e fon em seus cultos a Nanã -Buruku, o Ser Supremo.

Buruku, considerado uma divindade de temperamento difícil, responsável por muitas misérias e adversidades, se devidamente apaziguada, revela-se poderosa e benevolente. Seus iniciados não devem faltar às obrigações de culto, sob pena de tornarem-se vítimas de infortúnios. Os recém-nascidos, mulheres em adiantado estágio de gravidez, mulheres menstruadas ou que acabaram de ter relações sexuais são proibidas de aproximarem-se do santuário. Apenas após a menopausa podem as mulheres tornarem-se sacerdotisas de Nanã Buruku e são as únicas autorizadas a oferecer sacrifícios, devendo os demais permanecer do lado de fora do santuário.

Seu santuário possui, geralmente, dois aposentos, num dos quais se guarda os objetos sagrados, nele podendo entrar apenas a sacerdotisa e quatro ou cinco de suas co-oficiantes. Entre os ewe, os assentamentos de Buruku freqüentemente ficam a céu aberto. Consistem num montículo de barro no qual estão embutidos dois ou três potes de cerâmica de boca voltada para baixo. Tais potes permanecem ocultos a olhos profanos. Nanã aceita em sacrifício água fria, obi, orobô, óleo de palmeira, banana, mingau e animais.

Em seu santuário é guardado o edon (metal), que consiste em imagens gravadas em ferro, uma representando o aspecto masculino da divindade e outra o feminino. Ali são guardadas também outras imagens belamente esculpidas em madeira, com distintos formatos, algumas representando mulheres grávidas ou carregando bebês às costas, ou oferecendo o seio ao filho. Tais imagens, expressões dos tabus da divindade, são retiradas do santuário e carregadas em procissão nos festivais anuais, que duram três meses.

Durante o festival em sua homenagem os aspirantes à iniciação recebem instruções e perdem temporariamente a capacidade de falar: regridem a estágios anteriores do desenvolvimento e falam como criancinhas que estivessem ainda aprendendo. No final desse período, resgatam a capacidade lingüística e retornam para casa entre canções e outras expressões de regozijo.


Mitologia: Nàná, senhora de Dassa Zumê, mãe de Òsùmàrè, Osányìn, Obàlúwaìyé e Ewá. Elegante senhora, nunca se meteu na vida dos outros. Nunca se preocupou com o que este ou aquele fazia de sua própria vida. Tratou sempre de si e dos filhos, de forma nobre, embora tenha sido sempre precoce em tudo.

Precauções: Evitar remédios, cuidado com acidentes domésticos, fogo e mar.

Elemento: Terra e Água.

Dia da Semana: Segunda-feira e/ou Sábado.

Semana Yorubá: Ojo Isegun.

Cor: Branco, Azulão, Lilás e Rosa.

Saudação: Saluba.

Adorador: Omo Nàná.

Metal: Prata, Alumínio e Zinco.

Mineral: água marinha, opala, ônix e turmalina.

Profissão: Pedagogia, Serviço Social, Antropologia e Medicina.

Poder: Morte.

Força da Natureza: Pântano, garoa, lagoas e águas paradas.

Fruto: Melão e Obí.

Flor: Rosas, Camélias (brancas).

Comidas secas: feijão preto, milho branco, bertalha, mostarda (efó) e feijão fradinho.

Aves: galinha , galinha de angola e pombas.

Quadrúpedes: cabra e rã, sendo que esta última não se sacrifica.

Èèwò: carneiro.

Símbolos: Ibiri, 02 brajás.

Indumentária: Azul e principalmente o Branco.

Ritmos: Agere, Ilu.

Folhas:
ÀBÁMODÁ – Bryophylum pinnaturn Kurg. CRASSULACEAE – Folha da fortuna.
ÀLÙPÀYÍDÀ – Sida linifolia Cev. MALVACEAE – Língua de galinha.
GBÓRÒAYABA – Ipomea pes-caprea Sweet , CONVOLVULACEAE – Salsa –brava.
GÒDÓGBÓDÒ – Commelina communis Vell., COMMELINACEAE – Marianinha.
IDÉ – Cyathea arborea Smith , CYATHEACEAE – Feto.
Ìmu – Begônia saxifraga DC , BIGNONIACEAE – Azedinha.
IYÁBEYÍN – Ruellia geminiflora Kulf , ACANTHACEAE – Mãe-boa.
JOBO / LÀTÓRIJË – Hyptis pectinata Poit , LABIATAE – Neve.
KÚRUKURÚ – Ipomoea salzmanii Choizy , CONVOLVULACEAE – Batatinha.
ÒMUN – Lygodoum polymorphum H.B.K. , SCHIZAECEAE – Samambaia.
SOLÉ – Eupatorium ballataefoium H.B.K. , COMPOSITAE – Maria preta verdadeira.

Arquétipo
É o das pessoas que agem com calma, benevolência, dignidade e gentileza. Das pessoas lentas no cumprimento de seus trabalhos e que julgam ter a eternidade à sua frente para acabar com seus afazeres. Elas gostam das crianças e educam-nas, talvez, com excesso de doçura e mansidão, pois tem tendência a se comportarem com a indulgência dos avós. Agem com segurança e majestade. Suas reações bem equilibradas e a pertinência de suas decisões mantêm-se sempre no caminho da sabedoria e da justiça. São velhas antes do tempo, equilibradas, trabalhadoras, têm reservas sobre os homens, resistência física, austera, não suporta desordem e desperdício, reclamam muito, são sábias, carinhosas, ranzinzas, são dadas a cozinhar e a costurar.

Cargos no Ilé Obàlúwaìyé :

Sincretismo: Senhora Santana.

Arte: Carybé - Nanã - Aquarela

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sociedade Gelede

Gelede, o poder ancestral feminino: restituir para restaurar a força

A Sociedade Gelede, integrada por homens e mulheres, cultua as Iya-agba, também chamadas Iyami, que simbolizam aspectos coletivos do poder ancestral feminino. Dirigida pelas erelu, mulheres detentoras dos segredos e poderes de Iyami, cuja boa vontade deve ser cultivada por ser essencial à continuidade da vida e da sociedade, o culto tem por finalidade apaziguar seu furor; propiciar os poderes místicos femininos; favorecer a fertilidade e a fecundidade e reiterar normas sociais de conduta. Seu festival é realizado anualmente, por ocasião da colheita de inhame, e dura sete dias.28Quando Iku devolve à terra o que lhe pertence, tornam-se possíveis os renascimentos. Assim considerada, a morte é instrumento indispensável de restituição.

King Sikiru Salami e Akin Agbedejobi registraram em vídeo o Festival de Gelede realizado em Ago-Egun na cidade de Abeokuta, estado de Ogun, Nigéria, no ano de 1990. A título de ilustração, o descrevo para tecer depois, algumas considerações sobre o poder ancestral feminino, elegendo, dentre as múltiplas possibilidades de abordagem desse tema, a que privilegia "a restituição como possibilidade de restauração da força" e que convida a refletir sobre o valor da restituição no quadro ético e moral dos iorubás.

Segue abaixo uma breve descrição do Festival de Gelede em Ago-Egun, 1990:

Os tambores falantes permanecem fixos na praça. A música fala por si. Em torno dos tambores dança Gelede incorporada em homens, uma vez que apenas homens incorporam essa força. Inicia-se o festival com a saída de Ogum, que dança carregando sobre a cabeça um recipiente de metal onde ardem altas chamas de fogo. Seguem-no quinze outros orixás. Sai finalmente Gelede, incorporada nos homens ou meninos que por recomendação de Ifá são ou estão sendo preparados como sacerdotes do culto. O auge do festival é marcado pela saída do superior hierárquico do grupo, representado nessa ocasião particular, pela figura de um gorila com aproximadamente dois metros e meio de altura, longos braços rigidamente estendidos na horizontal, ao lado do corpo. O líder sai apenas no terceiro e no sétimo (último) dias para participar dos festejos. Gelede, incorporada nesse sacerdote, dança continuamente e seus longos braços ameaçam tocar as pessoas que também dançam alegres a seu redor. Todas as pessoas realizam movimentos de modo a evitar qualquer contato físico com esses longos braços porque, segundo a crença, tornar-se-iam irremediavelmente surdas. A vestimenta dos demais homens e meninos que incorporam Gelede caracteriza-se por uma grande máscara representativa de algum animal e as vestes são constituídas por grandes tiras de pano colorido - os gele - panos usados diariamente como turbantes pelas mulheres. As máscaras usadas no Festival são os assentamentos de Gelede.

Durante todos os sete dias do Festival os participantes abandonam a praça e caminham pelas ruas, acompanhando Gelede que, incorporada em vários homens, durante o dia todo, recolhe-se ao anoitecer. Muitas cantigas são entoadas. Entre elas as chamadas cantigas de efe que referem-se, a comportamentos inadequados de homens, mulheres e crianças do grupo durante o ano transcorrido, em tom de brincadeira, tornando-os de conhecimento público.

Ao discorrer anteriormente sobre o axé, fiz referência ao fato de estar essa força sujeita a algumas leis uma das quais determina que, uma vez transferido a seres e objetos, neles mantém e renova o poder de realização. Como tudo o que vive necessita de axé e este é desgastável, é imperiosa a necessidade de reposição. Consideremos a questão da morte e dos renascimentos. A representação coletiva dos ancestrais é Iku, Morte, símbolo masculino relacionado com a terra. Os renascimentos dependem dos ancestrais e sua matéria de origem é a lama. Iku, conforme narra o mito29, restitui à terra o que lhe pertence, permitindo, assim, os renascimentos e, desse ponto de vista, Morte é um instrumento indispensável de restituição e um símbolo importante. Restituir é restituir o axé.

Poder genitor feminino

A unidade formada pela conjunção orun/aiye, dois níveis de existência inseparáveis, é simbolizada por igba-odu ou igbadu, cabaça cuja metade inferior representa o aiye e a superior, o orun. Em seu interior acham-se contidos elementos-símbolos. A metade superior da cabaça, representativa de orun, dimensão espiritual, princípio masculino, cobre a metade inferior, representativa de aiye, dimensão material, princípio feminino. Oxalá e Odudua, respectivamente princípio masculino e feminino, disputam entre si o título de orixá da criação, numa expressão da disputa entre o homem e a mulher pela supremacia.

Os irunmale da esquerda, liderados por Odudua, constituem o grupo de todas as entidades espirituais que detêm o poder genitor feminino. Novos seres têm origem no interior da matéria genitora feminina fecundada. A terra e a água - dos mares, rios, lagos e mananciais, água-sangue da terra, são os elementos veiculadores do axé genitor feminino (a água das chuvas é água-semen, portanto masculina). Odudua, representação coletiva suprema do poder genitor feminino, recebeu o elemento terra das mãos de Olorun, o Ser Supremo, e com ele criou aiye, o mundo.

Alguns orixás femininos, irunmale-divindades da esquerda, acham-se relacionados às Iya-agba, ancestrais femininos, do Egbe Eleye, sociedade das possuidoras de pássaros. Dentre eles, Nanã, como expressa seu oriki: Omo Atioro oke Ofa/Filha do poderoso pássaro Atioro, da cidade de Ofa; Oxum, Iyami-Akoko, mãe ancestral suprema e Iemanjá, Ye omo eja/Mãe dos peixes-filhos, esta última, relacionada ao poder genitor mais do que à gestação. Entre elas, a mais estreitamente associada à morte, à terra, à lama e aos lagos e fontes - águas contidas na terra, é Nanã. Na, raiz proto-sudânica ocidental, significa mãe. Sua qualidade maternal e sua relação com a lama e a terra úmida a associam à agricultura, à fertilidade e aos grãos. Seu aspecto de força genitora a faz pertencer ao branco, conforme revela um de seus oriki, mencionados por Elbein dos Santos ( 1986:82) - Nana funfun lele/ Nanã branca branca-neve. Simultaneamente, por estar associada a processo e interioridade, pertence ao preto. São seus filhos os mortos e os ancestrais e o segredo ou mistério que se opera em suas entranhas é expresso pela cor azul-escuro que a representa.

As Iya-agba (as anciãs, pessoas de idade, mães idosas e respeitáveis), também chamadas Agba, Iyami (minha mãe), Iyami Osoronga (minha mãe Oxorongá), Ajé, Eleye (Senhora dos pássaros), representam os poderes místicos da mulher em seu duplo aspecto - protetor e generoso / perigoso e destrutivo. Verger (1994) recorreu a algumas histórias de Ifá para demonstrar a ambivalência no que diz respeito às Iyagba. Quando Olodumare pergunta a Iyami como se servirá dos pássaros e do próprio poder, responde que matará aqueles que não a escutarem e concederá dinheiro e filhos aos que pedirem. Uma história do Odu Ogbe Osa conta que, quando as Iya-mi-eleye chegaram ao aiye, distribuíram-se sobre sete árvores, representando sete tipos de atividades distintas: sobre três dessas árvores trabalharam para o bem; sobre outras três, trabalharam para o mal; sobre a sétima elas trabalharam tanto para o bem quanto para o mal.30

Verger refere-se ao fato de serem as Iyami conhecidas principalmente como mulheres velhas, proprietárias de uma cabaça que guarda um pássaro, podendo transformar-se elas próprias em pássaros. Apreciadoras de sangue humano, realizam trabalhos maléficos e organizam reuniões noturnas na mata. No entanto, longe de serem excluídas da sociedade são, ao contrário, tratadas com grande respeito e consideração. O poderio de Iyami, principalmente atribuído às mulheres já velhas, pode, em certos casos, pertencer igualmente a jovens que o recebem por herança ou o adquirem das mais velhas. Diz Santos que o significado de Iya-mi foi deteriorado pelo trabalho de pesquisadores estrangeiros, transformando a Iya-mi, nossa mãe, sustentadora do mundo, em bruxa, no sentido pejorativo do termo. Despojada de sua função primordial de geradora da vida, ficou reduzida à condição de força destrutiva.

Gelede

Durante o festival as representações litúrgicas enfatizam a fecundidade e a feminilidade. O poder das Iyami é representado por efe, o pássaro-filho, símbolo do masculino e do elemento procriado. A presença de efe, que sai do mato na escuridão da noite como se saísse do interior de igba-nla, a grande cabaça, assegura a boa vontade das Iyami e seu poder de fecundação e gestação. Mencionamos anteriormente que entre as cantigas entoadas por ocasião do Festival de Gelede incluem-se as cantigas de efe, que fazem referências, em tom de brincadeira, a comportamentos inadequados de homens, mulheres e crianças do grupo durante o ano transcorrido entre um festival e outro, tornando-os de conhecimento público. Cumprem pois, entre outras, a função de controlador social, por veicularem normas e regras de relações, de ética, de disciplina moral do grupo, sob a autoridade do poder ancestral que está sendo cultuado. Transcrevemos, para ilustrar, um orin Gelede (cantiga de Gelede) recolhido por Salami (1993):

Quando algo cai e quebra

revela-se o segredo de seu interior.

Quando algo cai e quebra

revela-se o segredo de seu interior.

Quando um ovo cai no chão

se despedaça.

Quando algo cai e quebra

revela-se o segredo de seu interior.

Quando o ovo cai no chão

se despedaça, revelando o segredo de seu interior.

Aqui está Gelede, o segredo das sábias.


Restituir: restaurar a força

Vimos que as Iyami, também chamadas Eleye, Aje, Eniyan, Iya-agba, para poderem cumprir sua função necessitam ser fecundadas, umedecidas, restituídas. A terra, associada ao que é seco e quente, precisa ser umedecida continuamente, recuperar o "sangue branco" para poder propiciar novos alimentos.

Diz Elbein dos Santos (1986:81): Para engendrar, Nanã precisa ser constantemente ressarcida. Recebe em seu seio os mortos que tornarão possíveis os renascimentos. Esse significado aparece manifestamente em um de seus oriki: Ijuku-Agbe-Gba/ Inabitado país da morte, vivemos (e nele) iremos ser recebidos. A restituição é expressa também pelo fato de Nanã carregar na mão direita um ibiri, que significa meu descendente o encontrou e o trouxe de volta para mim.

A terra, igba-nla, a grande cabaça, recebe os corpos mortos que lhe restituem a capacidade genitora e tornam possíveis novos nascimentos. Assim, todo renascimento está relacionado com os ancestrais. A restituição e o renascimento estabelecem e preservam as relações entre orun e aiye. Por isso os ancestrais garantem a continuidade da vida no aiye.

Os orixás, associados a elementos cósmicos ou à natureza, significam matérias simbólicas de origem enquanto os ancestrais, significam princípios de existência genérica a nível social. Uns e outro são genitores. Na feliz expressão de Elbein dos Santos (1986:220), são matérias-massas de cuja interação nascem ou se desprendem descendentes-porções. Para preservar a dinâmica e o equilíbrio entre os componentes do sistema é preciso restituir, redistribuir o axé. O nascer e o renascer podem ser entendidos como um processo de desprendimento de uma porção da matéria-massa de origem, o que determina perda de axé dessa massa genitora. A restituição exige transformação: de existência individualizada a genérica, passando pela morte e, na outra via, de existência genérica a individualizada, no nascimento e renascimento de descendentes-porções, cada qual parte integrante de um único todo.

Toda restituição demanda destruição de matéria individualizada que, uma vez reabsorvida, nutre a massa genitora restaurando seu axé. Talvez esteja nessa necessidade imperiosa de ser constantemente ressarcida e umedecida para poder procriar com abundância a razão da já mencionada ambivalência do poder feminino, tão freqüentemente expressa em mitos e ritos.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Porque Oxalá usa Ekodidé


OXALÁ

(transcrição do livro Porque Oxalá usa Ekodidé - Deoscóredes M dos Santos-DIDI - Edição Cavaleiro da Lua - Fundação Cultural do Estado da Bahia - foi mantida a ortografia original do manuscrito)

Muito tempo depois que Oduduwa chegou em Ilê Ifé e começaram a adorar o culto das Águas de Oxalá, aconteceu que, logo no primeiro ano, quando estava perto das festas Oxalá escolheu uma senhora das mais velhas do terreiro, chamada Omon Oxum, para tomar conta de todo, ou melhor, de tôda sua roupa, adornos e apetrechos, depositando com tôda benevolência nas mãos dela aquele direito especial para tomar conta de tudo que lhe pertencesse, da corôa ao sapato. Omon Oxum por nunca ter tido nenhum filho, criava uma menina. Dessa data em diante ela e a menina ficaram sendo odiadas por algumas pessoas que faziam parte nesse terreiro e que por inveja de Omon Oxum começaram a tramar novidades, procurando um meio qualquer para fazer Oxalá se zangar com ela e tomar o "achê" entregue por Oxalá. Fizeram coisas que Deus duvida contra Omon Oxum porém nada surtia efeito. Cada vez mais Oxalá ia aumentando a amisade e dedicação para Omon Oxum. Ela era muito devotada ao cumprimento das suas obrigações e não dava margem alguma para ser por êle repreendida.

Como dizem que a água dá na pedra até que fura, aconteceu que, na vespera do dia da festa, as invejosas, já desiludidas por poderem fazer o que desejavam, de passagem pela casa de Omon Oxum se depararam com a corôa de Oxalá que ela tinha areiado e colocado no sol para secar. Quando elas viram a corôa de Oxalá muito bonita e mais reluzente do que nunca, combinaram roubar a corôa e ir jogar no fundo do mar. E assim fizeram.

Quando Omon Oxum foi apanhar a corôa para guardar, não encontrou. Ficou doida. Procura daquí procura dalí, remexeram com tudo procurando em todos os cantos da casa e nada da corôa aparecer. As invejosas vendo a aflição que estava passando Omon Oxum e sua filhinha, satisfeitas pelo mal que tinham causado, riam as gaiofadas dizendo: agora sim quero ver como ela vai se atá com Oxalá amanhã quando êle procurar a corôa e não encontrar. A essa altura Omon Oxum comretamente azurantada só pensava em se matar e ja estava resolvida a fazer isso para não passar vergonha perante Oxalá. Foi quando a meninazinha, sua filha de criação disse: - Mamãe, porque a senhora não vai na feira amanhã de manhã bem cedinho e não compra o peixe mais bonito que tiver lá? A corôa de Oxalá deve estar na barriga desse peixe. E assim a menina insistiu, insistiu tanto, até que Omon Oxum se decidiu a aceitar o que a menina aconselhou, dizendo:- Fique tanquila minha filha, porque de madrugadasinha eu vou acordar para ir à feira ver se encontro com esse peixe que voce imagina ter a corôa do nosso Rei Oxalá na barriga.

A menina foi dormir tranquila. Omon Oxum coitada, não pôde dormir tôda a noite preocupada que já amanhecesse o dia para ela ir a feira ver se conseguia encontrar o dito peixe que a menina julgava ter a corôa na barriga.

Quando o dia mal tinha clareado, Omon Oxum pulou da cama, se preparou e lá se foi. Quando ela chegou na feira foi diretamente no mercado de peixe e não encontrou nenhuma escama. Ainda éra muito cedo. Omon Oxum deu uma volta pela feira e já bastante impaciente voltou ao mercado onde encontrou um senhor vendendo um peixe, cujo peixe, era o único que se encontrava no mercado. Omon Oxum comprou o peixe e foi voando para casa a fim de destrincha-lo. Queria ver se sua filha tinha aconselhado bem, para ela poder obter a paz e tranquilidade espiritual, encontrando a corôa de Oxalá. Assim que ela chegou em casa foi logo para a cosinha para abrir a barriga do peixe. Porém não conseguiu. Quando ela estava aí se acabando de chorar e labutando para abrir a barriga do peixe, a menina acordou e foi logo perguntando: - Mamãe já comprou o peixe? A senhora deixa que eu abra a barriga dele? - Omon Oxum bastante chorosa respondeu:- Minha filha a barriga dele está muito dura. Eu não posso abrir quanto mais você.

A menina se levantou, chegou na cosinha, apanhou um cacumbú e puxou rasgando a barriga do peixe, ésta se abriu em bandas deixando aparecer a corôa de Oxalá ainda mais bonita do que era antes. Omon Oxum se abraçou com a menina e de tanto contentamento não sabia o que fazer com ela. Carregava, beijava, dansava, e por fim Omon Oxum olhando para a menina e em seguida voltando as vistas para o céu, disse: - Olorun, Deus que lhe abençoe. Sua maesinha está sendo perseguida, porém com a fé que tem no seu Eledá, anjo da guarda, não ha de ser vencida. Limparam muito bem limpa, a corôa, e guardaram, muito bem guardada, juntamente com o resto das coisas pertencentes a Oxalá. Em seguida Omon Oxum cosinhou o peixe, fez um grande almôço e convidou a todos da casa para almoçar com ela dizendo que estava festejando o dia da festa do Pai Oxalá.

Ao meio dia Omon Oxum juntamente com seu, quero dizer, sua filhinha serviram o almôço acompanhado de Aluá ou Aruá, a bebida predileta de Oxalá a qual os Erê dão o nome de mijo do pai. Depois do almôço todos foram descansar para na hora determinada dar começo a festa das Águas de Oxalá.

As invejosas quando viram todo aquele movimento, Omon Oxum muito alegre como se nada tivesse acontecido a ponto de dar até um banquete em homenagem a Festa de Oxalá, ficaram malucas. Uma delas perguntou:- Será que ela encontrou a corôa? - Outra respondeu:- Eu bem disse que queimasse. - E a outra mais danada ainda dizia:- Eu disse a vicês que o melhor era cavar um buraco bem fundo e enterrar. - A primeira procurando acalmar os animos, disse para a outra:- Vamos esperar até a hora que éla apresentar as roupas de Oxalá com todos os armamentos. Se a corôa estiver no meio o geito que temos é fazer um grande ebó e colocar na cadeira onde éla vai se sentar ao lado de Oxalá. - O ebó, sacrificio, póde ser empregado para o bem ou para o mal.

Quando estava perto da hora de começar a festa, Omon Oxum apresentou a Oxalá tôda a roupa com todos os armamentos deixando as invejosas mais danadas e com mais desejo de vingança, a ponto de procurarem fazer o ebó por elas idealisado e colocar na cadeira onde Omon Oxum era obrigada a sentar-se por ordem de Oxalá.

Começou a festa com a maior alegria possivel. Oxalá chegou acompanhado por Omon Oxum e se sentou no trono. Omon Oxum sem saber do que estava sendo feito contra ela, também se sentou na sua cadeira ao lado de Oxalá. Quando começaram as cerimônias e que Oxalá precisou de colocar a sua corôa, virou-se para Omon Oxum e pediu para éla ir apanhar a corôa. Omon Oxum quiz levantar e não pôde. Fez força para um lado, para o outro, e nada de poder levantar-se, até quando éla decidiu levantar-se de qualquer maneira. Devido a grande dor que sentiu, olhou para a cadeira e viu que estava tôda suja de sangue. Alucinada de dor, e horrorisada por saber que Oxalá de fórma nenhuma podia ter nada de vermelho perto dêle porque era ewó, proibição, saiu esbaforida pela porta afora, indo se esbarrar na casa de Exú.

Quando Exú abriu a porta que viu Omon Oxum tôda suja de vermelho, disse:- Você vindo dêsse geito da casa de meu pai? Infringiu o regulamento e eu não posso lhe abrigar,- e fechou a porta.

Daí ela foi para a casa de Ogun, Oxossi, de todos Orixás e sempre diziam a mesma coisa que disse Exú. Só restava a casa de Oxum. Quando Omon Oxum chegou a casa de Oxum, esta já tinha sabido do que estava acontecendo e estava a sua espera. Omon Oxum se jogando nos pés dela disse:- Minha mãe me valha, estou perdida. Oxalá não vai me querer mais em sua casa.

Oxum disse para ela que não se preocupasse, que um dia Oxalá ía buscar ela de volta. Depois Oxum, usando de sua magia, fez com que, do lugar onde sangrava em Omon Oxum saisse Ekodide, pena vermelha de papagaio da costa, até quando sare a ferida. Oxum, depois de colocar todo aquêle Ekodidé numa grande igbá, cuia, reuniu todo seu pessoal e tôdas as noites faziam um xirê, festa, cantando assim:

BI O TA LADÊ

BI O TA LADÊ

IRÚ MALÉ

IYA OMIN TA LADÊ

OTO RU ÉFAN KOBÁJA OBIRIN

IYA OMIN TA LADÊ

E assim Oxum ricamente vestida, sentada no seu trono, com Omon Oxum ao seu lado, a cuia de Ekodidés e a vasilha para colocarem dinheiro em frente a elas, recebia as visitas de todos os Orixás que iam até lá para ver e saber porque Oxum estava fazendo aquela festa tôdas as noites. Todos que lá chegavam e se enteiravam do acontecimento, si era homem dava dodóbálé, se estirava de peito no chão para Oxum, depois apanhava um Ekodidé e colocava uma certa quantia na vasilha que estava ao lado para ser colocado o dinheiro, e se era mulher dava iká, quer dizer, se deitava no chão de um lado e do outro para Oxum e em seguida apanhava um Ekodidé e colocava também o dinheiro na referida vasilha.

Tudo aquilo que estava acontecendo no palácio de Oxum, ficou sendo muito propalado e as invejosas faziam todo possivel para que Oxalá não soubesse. Um dia, elas, sem observarem que Oxalá estava por perto, começaram a comentar o caso, onde uma delas disse:- Com ela não tem quem possa, depois de tudo o que nós fizemos, depois de ter acontecido o que aconteceu aqui no palácio de Oxalá e de ter sido enjeitada por todos Orixás, vocês não estão vendo que Oxum abrigou ela? Curou, conseguindo que do lugar que sangrava saisse Ekodidé, fazendo uma grande fortuna e aumentando a sua riqueza. Agora só nos resta é fazer com que o velho não saiba do que está acontecendo no palácio de Oxum, se não é bem capaz de querer ir até lá.

Nisso o velho Oxalá pigarreou dando a entender que tinha ouvido tôda a conversação. Ordenou a elas que procurassem saber a hora que começava o xirê no palácio de Oxum e que elas iam servir de companhia para êle poder ir apreciar o xirê e tomar conhecimento do que estava acontecendo.

Quando elas ouviram Oxalá falar desta maneira bem pertinho delas a terra lhe faltaram nos pés e o remorso montou nos seus cangótes fazendo com que elas fugissem para nunca mais voltar ao palácio de Oxalá.

A noite, depois do jantar, Oxalá cansado de esperar pelas tres invejosas e não vendo nenhuma delas aparecer, disse:- Fugiram com medo de que eu castigasse pela grande injustiça que cometeram, não sabendo de que o castigo será dado pelas mesmas.

Assim Oxalá se dirigiu para o palácio de Oxum afim de assistir o xirê e saber qual a causa do mesmo. Quando Oxalá chegou no palácio de Oxum mandou anunciar a sua chegada. Oxum mais bonita do que nunca, coberta de ouro e muitas jóias dos pés a cabeça, sentada no seu rico trono, mandou que Oxalá entrasse, e continuou o xirê cantando: BI O TA LADÊ, BI O TA LADÊ, IRÚ MALÊ, IYA OMIN TA LADÊ.

Quando Oxalá entrou ficou abismado de ver tanta riquesa e quando reparou bem para Oxum, que viu a seu lado Omon Oxum, a pessoa que cuidava dele e de tôdas suas coisas, a quem ele julgava ter perdido devido o que tinha acontecido, não se conteve, se jogou também no chão dando dodóbálé para Oxum, apanhando um Ekodidé e colocando bastante dinheiro na vasilha. Oxum quando viu o velho dar dodóbálé para ela, se levantou cantando:

DÓDÓ FIN DODÓBÁLÉ

KÓ BINRIN

IYA OMIN TA LADÊ

e foi ajudar a Oxalá se levantar do chão. Depois que Oxalá se levantou Oxum pegou Omon Oxum pela mão e entregou à Oxalá dizendo:- Aqui está a vossa zeladora, sã e salva de todo mal que desejaram e fizeram para ela para que ela ficasse odiada por vós. Oxalá agradecendo a Oxum disse:- Oxum, em agradecimento a tudo o que fizestes de bem e para amenisar os sofrimentos de Omon Oxum eu, Oxalá, prometo levar ela de volta para o meu palácio e de hoje em diante nunca hei de me separar desta pena vermelha que é o Ekodidé e que será o unico sinal desta côr que carregarei sôbre o meu corpo.

FIM

BAHIA, 5 DE SETEMBRO, 1966

DEOSCOREDES M DOS SANTOS

BAHIA, 16 DE NOVEMBRO, 1966

LENIO BRAGA

Obaluaiye

Pierre Verger - Fotografia - Salvador - BA.
OBÀLÚWÀIYÉ

O lugar de origem de Obàlúwàiyé é incerto mas há grandes possibilidades de que tenha sido em território Tapá ou Nupê. Ele é um dos Orixás mais temidos e mais populares entre nós. É o Senhor das pestes, das moléstias. É o rei da terra, do interior da terra. Considerado o Orixá Deus da varíola ou o Médico dos pobres. É o Orixá que gera o bom funcionamento do organismo humano.

Obaluaiye
A-soro-'pe-l'erun

Aquele cujo nome não deve ser pronunciado durante a estação das secas Obaluaiye, palavra constituída pela contração de Oba-'lu'aiye, o rei que é o senhor da terra é também chamado Oluwa Aiye, Senhor da terra. A ele se pede licença para o uso da terra. Por exemplo, quando um iorubá vai jogar água fora da casa, no chão, normalmente diz: Ago o Olode! Desculpe-me, ó Olode! Olode é palavra originária da contração de Ol e abreviação de Oni (Senhor ou dono), pois, Senhor (ou dono) do aberto. Sua permissão é solicitada em festas:

Deixe-me obter a permissão do senhor da terra,
Se ele nos permitirá dançar;
A hospitalidade de Obaluaiye é solicitada no cultivo da terra:
O fazendeiro poderia ser extraordinariamente agradado,
O algodão não queimaria e desagradaria o fazendeiro;
O fazendeiro poderia ser extraordinariamente agradado,
Não manuseamos as ferramentas e desagradamos Olode;
Olode poderia ser extraordinariamente agradado.

É invocado pelos nomes Ile-gbona, terra quente e Baba Pai, e não por seu nome original - Soponna, palavra que em iorubá significa varíola. Senhor da varíola, inspira terror e respeito por punir com essa doença os faltosos.

Seu castigo, como o de Xangô, é considerado punição nobre. Assim, quando alguém morre de varíola, sua morte não deve ser lamentada. Pelo contrário. Deve ser aceita com alegria e gratidão. Daí origina-se outro de seus nomes: Alapadupe - o que mata e a quem devemos ser agradecidos por haver morto. Alguns anciãos dizem que Obaluaiye é irmão mais novo de Xangô. Esta crença leva os devotos de Xangô a considerarem-se imunes à fúria de Obaluaiye e os vice-versa. Uma expressão disso é a seguinte: Não há dano que o irmão mais velho possa infligir aos filhos do irmão mais novo. Estes orixás são tão familiares entre si que, segundo narrações tradicionais, Obaluaiye freqüentemente refere-se a Xangô em tom de brincadeira, dizendo, por exemplo, que quando Xangô vai destruir uma única pessoa, faz enorme alarde, com extraordinários efeitos de luz e som (relâmpagos e raios), enquanto ele próprio destruirá centenas de pessoas silenciosamente.

Obaluaiye proíbe a mentira, o envenenamento e a magia negra. Usa roupa vermelha e viaja quando o sol está bem quente. Por isso, as pessoas são desaconselhadas a usarem roupa vermelha e andarem sob o sol para não lhe causarem aborrecimento. Cuidados especiais devem ser tomados durante a estação das secas, de modo a não adotar nenhum procedimento que possa ofendê-lo. Isto é compreensível porque a varíola é mais freqüente e espalha-se mais facilmente durante esse período. Por ser particularmente atuante durante a estação das secas é chamado A-soro-'pe-l'erun, Aquele cujo nome não deve ser pronunciado durante a estação das secas.

Seu santuário fica normalmente fora de casa ou da aldeia, às vezes, no bosque. Entretanto, pode permanecer no interior de casa ou da aldeia. Em seu assentamento encontramos um pote de barro de boca larga, chamado agbada, repousando sobre um montículo de terra. Ao lado, fica uma vassoura especial, feita de ose potu (sida carpinifolia) e untada com osun.

Mitologia: Filho de Nàná – que o abandonou por ser doente – foi criado por Yemojá. É irmão mais velho de Ossain, Oxumarê e Ewá, Orixá fundamentalmente da nação Jêje, mas louvado em todas as nações, devido a sua importância.

Precauções: Doenças transmissíveis, intoxicações, fogo e mar.

Elemento: Terra.

Dia da Semana: Segunda – feira.

Semana Yorubá: Ojo Isegun.

Cor: Vermelho terra, preto e branco.

Saudação: Atotô.

Adorador: Omo Olúwàiyé.

Metal: Estanho.

Mineral: Búzios.

Pedra Preciosa: Ônix.

Profissão: Antropologia, geologia, museologia, medicina, química, veterinária e arqueologia.

Poder: Domínio sobre as doenças epidêmicas, sobre tudo a varíola, como também todas as doenças sexualmente transmissíveis.

Força da Natureza: O Sol e os Vulcões.

Fruto: Abacaxi, Laranja lima, Lima, Obi e todas as frutas que crescem presas ao tronco das árvores.

Flor: Bananeira silvestre.

Comidas secas: Feijão preto, pipocas, aberém, agbadô.

Aves: Galos, galinhas de angola, patos e pombos.

Quadrúpedes: Bode e Porco.

Èèwò: Caranguejo, carneiro, peixe de pele (água doce), banana prata, jaca, melão, abóbora e frutos de plantas trepadeiras.

Símbolos: Xaxará, lanças, brajás (colares de búzios).

Indumentária: Vermelha e preta com capuz (Azê) e saiote de palhas da costa.

Ritmos: Ilu, Ìgbín, Hamunyia, Opanijé (Ele mata qualquer um e come).

Folhas: Todas as plantas parasitas (afomã) que crescem nas árvores de grande porte, pertencem a este Orixá .
Àfòmón – Struthantus brasiliensis Lank . , LORANTHACEAE – Erva de passarinho.
Àfón – Clitoria guyanensis Benth , LEGUMINOSAE – Espelinha falsa.
Àmù – Cuphea balsamona Cham. et Schr., LYTHRACEAE – Sete sangrias.
Àpèjebí – Stemodia viscosa L., SCROPHULARIACEAE – Rabujo.
Bujè – Genipa americana V., RUBIACEAE – Jenipapo.
Kankanesin – Centrosema brasilianum Benth , LEGUMINOSAE – Patinho roxo.
Odán – Phoradendrom crassifolium Pohl et Sch., LORANTHACEAE – Erva de passarinho.
Tó – Pavonia cancellata Car., MALVACEAE – Baba de boi.
Àkùko – Heliotropium indicum L., BORAGINACEAE – Fedegoso.

Arquétipo: dos filhos desse Orixá é o das pessoas com tendências masoquistas, que gostam de exibir seus sofrimentos e as tristezas das quais tiram uma satisfação íntima. Pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida lhes corre tranqüila. Podem atingir situações materiais invejáveis e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. Pessoas que em certos casos sentem-se capazes de se consagrar ao bem estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais. Possuem a marca do Òrìsà no corpo, reservados e caseiros, o que é seu é seu, não admitem que nada lhes seja tomado; muita intuição.

Cargos do Ilé Olúwàiyé: Assobá, Agimuda.

Sincretismo: São Lázaro ou São Roque.

Obs.: Nas casas em que possui, culto de Babá Egun, ele vem em segundo lugar na ordem do sirè, ou seja, logo após Ogun.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Estatuto da Igualdade Racial representa avanço histórico

Data: 14/06/2010

Na próxima quarta-feira, 16 de junho, o País dará um grande passo para a consolidação das políticas que visam à promoção da igualdade racial. Neste dia, a partir das 10 horas, entra novamente na pauta do Senado Federal a votação do Estatuto da Igualdade Racial. Depois de ser apresentado pelo senador Paulo Paim (PT/RS), em 2003, o projeto de lei foi para a Câmara dos Deputados, onde sofreu modificações, até ser aprovado por Comissão Especial, em setembro de 2009. De volta ao Senado Federal, após muitas protelações, o projeto finalmente será votado e aprovado nesta quarta-feira. O documento que será votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal tem como relator o senador Demóstenes Torres (DEM/GO), que também é presidente da Comissão.

Foram anos de luta para que o Estado brasileiro pudesse ter enfim um documento que consolidasse os anseios históricos da população negra, ainda carente de políticas que diminuam o enorme fosso que nos impede de acessar as condições básicas para o exercício da cidadania.

As negociações e mobilizações têm sido intensas para colocar o projeto em votação. Isso porque, tanto o autor do projeto, senador Paulo Paim, e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir/PR), quanto organizações do Movimento Negro, entendem que a oportunidade é única para consagrar direitos para milhões de brasileiros e brasileiras, negras e negros.

Marco na luta pela cidadania

É inegável a importância histórica do Estatuto da Igualdade Racial. No seu conjunto, trata-se da reafirmação, pelo Estado brasileiro, de demandas seculares dos Movimentos Negros e da população negra, nas mais diversas áreas. Entre elas: educação, cultura, esporte e lazer, saúde e trabalho, defesa dos direitos das comunidades remanescentes de quilombos e proteção de religiões de matrizes africanas. O documento também formula respostas para a inserção apropriada da população negra brasileira nos meios de comunicação de massa, para as demandas por moradia, acesso à terra, segurança, acesso à justiça, financiamentos públicos, entre outros itens. A se considerar a distribuição de cada uma dessas demandas entre os 69 artigos que o compõem, o Estatuto da Igualdade Racial significa uma nova etapa na luta pelos direitos dos negros e negras no Brasil.

O Estatuto sedimenta uma série de avanços, fruto de uma árdua luta política, que definem seu caráter fundamental, o de um diploma de ações afirmativas. A partir da aprovação desse documento, terá início outra fase de extrema importância na luta pela Igualdade Racial em nosso país: a da mobilização da sociedade brasileira em torno do aperfeiçoamento deste instrumento legal, através da regulamentação de seus dispositivos.

Nesse sentido, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, através de seus dirigentes e integrantes, e na condição de órgão do Governo Federal, busca somar esforços junto com toda a nação, em especial os movimentos negros. É com este objetivo que nos dirigimos aos nossos destacados, competentes e respeitáveis ativistas, de modo a chamá-los à luta, mais uma vez.

Insistimos com todas as organizações dos Movimentos Negros que é importante fortalecer este processo de conquistas sociais, políticas e econômicas para a população negra brasileira, de forma a garantir a aprovação do Estatuto e consagrar os direitos da população negra brasileira.

A seguir, apresentamos algumas informações que consideramos fundamentais sobre o teor do texto que será votado no Senado.

• o Estatuto prevê fontes de financiamento para programas e ações que visam à promoção da igualdade racial. Orçamentos anuais da União, por exemplo, deverão contemplar as políticas de ações afirmativas destinadas ao enfrentamento das desigualdades em áreas fundamentais, como educação, trabalho, segurança, moradia, entre outras.
• o Poder Público priorizará o repasse dos recursos referentes aos programas e atividades previstas no Estatuto aos estados, Distrito Federal e municípios que tenham criado Conselhos de Igualdade Racial.
• no âmbito educacional, o Estatuto estabelece, ainda, a instituição das ações afirmativas voltadas à população negra.
• o documento também assegura a instituição de um conjunto de mecanismos legais para organizar e articular as ações voltadas à implementação das políticas e serviços destinados a superar as desigualdades étnico-raciais existentes no país: o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR).
• O texto aprovado também reafirma o princípio constitucional de que os moradores das comunidades de remanescentes de quilombos têm direito à propriedade definitiva das terras. O Estatuto, assim, fortalece o decreto número 4887/2003.

Isto posto, o Estatuto da igualdade Racial, por tudo que nele contém, será uma lei que favorecerá, para além da população negra brasileira, toda a nação, pois constitui-se numa espécie de cimento para a sedimentação, em definitivo, da democracia em nosso país, que só se dará com a igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos.

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Carta do I Encontro Nacional de Turismo em Comunidades Quilombolas

O I Encontro Nacional de Turismo em Comunidades Quilombolas, realizado de 7 a 9 de junho, em Registro/SP, teve como resultado dos Grupos de Trabalho a Carta do I Encontro Nacional de Turismo em Comunidades Quilombolas, que norteará as ações do governo federal e das próprias comunidades para o desenvolvimento do turismo sustentável. Veja o documento a seguir:


Considerando:

- que as comunidades quilombolas no Brasil se localizam historicamente em áreas com importantes recursos naturais, e têm se tornado exemplos de sustentabilidade ambiental e de resgate cultural e, por isso mesmo, com alto potencial turístico;


- que esse potencial pode se transformar em uma alternativa de desenvolvimento para as comunidades, com preservação do meio ambiente e de sua cultura, aliado à geração de renda;


- que, esse potencial tem de ser desenvolvido levando em conta o reconhecimento, a valorização, o protagonismo e o fortalecimento da cultura quilombola e de seus produtos específicos para preservar e conservar seu patrimônio de forma sustentável;


- que, no entanto, é preciso formular políticas públicas voltadas ao fomento dessas atividades;


Comunidades quilombolas de vários estados brasileiros, representadas por suas lideranças, representantes do poder público, sociedade civil organizada, pesquisadores, universidades e operadores de turismo, entre outros atores, reunidos no I Encontro Nacional de Turismo em Comunidades quilombolas, realizado entre 7 e 10 de junho de 2010, na cidade de Registro, no Vale do Ribeira (SP), trocaram experiências e debateram propostas para desenvolver o turismo sustentável em suas comunidades, a saber:


1- Apoio para a estruturação de uma rede de comunidades quilombolas para troca de experiências;


2- Que a Seppir articule parcerias entre diversos órgãos governamentais para suprir as comunidades quilombolas de serviços de infraestrutura como água, saneamento, luz, acesso, comunicação em geral, posto de saúde, escolas, entre outros, considerando idosos e portadores de necessidades especiais, além de melhoria nas moradias.


3- Apoio para estabelecer um selo próprio, uma certificação de turismo quilombola para as comunidades, com produtos e serviços, incluindo também um processo de capacitação nos quilombos para receber turistas brasileiros e estrangeiros (já pensando na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016).


4- Desenvolver um programa de divulgação do turismo das comunidades quilombolas, respeitando suas especificidades e contemplando: divulgação dos pacotes turísticos em diferentes instâncias governamentais e em faculdades de turismo realizando palestras. E participar de feiras nacionais e de eventos de turismo como o Salão do Turismo.


5- Estabelecer um programa de capacitação de lideranças quilombolas para que possam assumir cargos de gestão em diversas instâncias de governo ? municipal, estadual, federal.


6- Garantir a manutenção do decreto 4887, de novembro de 2003, que regulamenta as terras quilombolas e que está ameaçado por uma ação de inconstitucionalidade do DEM e que o STF promova audiências públicas com os interessados.


7- Que o processo de reconhecimento, demarcação e titulação das terras quilombolas seja mais rápido e prioritário para o governo federal.


8- Estabelecer um programa de apoio à comercialização de produtos e serviços oferecidos pelas comunidades quilombolas priorizando o mercado local e regional.


9- Estabelecer um programa de apoio voltado à diversificação de atividades produtivas nas comunidades quilombolas.


10- Estabelecer um programa que avance na implementação da legislação educacional que se refere às nossas comunidades quilombolas e que divulgue suas potencialidades turísticas.


11- Criar agências quilombolas de turismo evitando intermediários.


Diante disso, estes atores solicitam o apoio de todo o povo brasileiro e a ação integrada de vários setores do governo no sentido de promover políticas e prover recursos técnicos e financeiros de forma a viabilizar as atividades aqui propostas para o desenvolvimento sustentável das comunidades quilombolas, assegurando ainda e acima de tudo, seu direito à terra, conforme estabelece a Constituição de 1988 nos Atos de Disposição Constitucional Transitória (ADCT), que o Decreto 4887 regulamenta e, que, agora, se vê ameaçado por uma ação direta de inconstitucionalidade a ser julgada pelo STF em breve.


Assessoria de Comunicação Social

Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura

Fone: 3424-0166 Fax: 3424-0164

www.palmares.gov.br

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Satã se comunica novamente. - AVE LÚCIFER EDIR MACEDO!!!

De autoria do Mestre "ÀQUELA ANTA DO EDIR SATÃ MACEDO".
Oh! Senhor, desta vez o Mestre pegou pesado. Já está abusando, num tá não?

Até quando estes animais ficarão espalhando excremento na mente dos infelizes que os seguem incapazes de distinguir insanidade de palhaçada.

Acho que esta na hora de cobrarmos das autoridades uma postura mais radical contra 171´s como ele e a maioria dos pastores evangélicos e suas seitas enlouquecedoras.
Estão transformando O POVO pobre, miserável e semi-analfabeta deste país (maioria da população) em robôs telecomandados pela estupidez advinda do fanatismo religioso.
OU PARAMOS ESTAS BESTAS, OU VEREMOS ONDE ELAS IRÃO PARAR (BRASÍLIA)

Nunca vi tanta besteira junta!

POSIÇÕES SEXUAIS E SEUS PECADOS - (EDIR MACEDO)

Será que ele cumpre esse ritual?

POSIÇÕES SEXUAIS E SEUS PECADOS - (EDIR MACEDO)


Retirada do livro 'Castigo Divino' da Igreja Universal do Reino de Deus-
(Edir Macedo) AUTOR : Bispo Edir Macedo Vejam os comentários sobre o
pecado das seguintes posições sexuais:

Posição de quatro: É uma das posições mais humilhantes para a
mulher, pois ela fica prostrada como um animal enquanto seu parceiro ajoelhado a penetra.
Animais são seres que não possuem espírito, então o homem que faz o
cachorrinho com sua parceira fica com sua alma amaldiçoada e fétida.

Sexo Oral: O prazer de levar um órgão sexual a boca é condenado pelas
leis divinas. A boca foi feita para falar e ingerir alimentos e a língua
para apreciar os sabores. A mulher engolindo o sêmen não vai ter filhos. E
o homem somente sentirá dores musculares na língua ao sugar a vagina de
sua parceira.

Sexo Anal: O ânus é sujo, fétido e possui em suas paredes milhões de
bactérias. É o esgoto propriamente dito. No esgoto só existem ratos,
baratas e mendigos. A pessoa que sodomia ou é sodomizada ela se iguala a um rato pestilento. Seu espírito permanece imundo e amaldiçoado. Mas o pior é quando o ato é homossexual, pois o passaporte dessa infeliz criatura já está carimbado nos confins do inferno.

Veja a maneira certa de se relacionar sexualmente, segundo a cartilha:

Posição Recomendada:
O homem e a mulher devem lavar suas partes com 1 litro de água corrente
misturado com uma colher de vinagre e outra de sal grosso.
Após isso, a mulher deve abrir as pernas e esperar o membro enrijecido
do seu parceiro para iniciar a penetração. O homem após penetrar a
mulher, não deve encostar seu peito nos seios dela, pois a fêmea deve estar orando ao Senhor para que seu óvulo esteja sadio ao encontrar o espermatozóide.
Depois do ato sexual, Os dois devem orar, pedindo perdão pelo prazer proibido do orgasmo.
Como penitência... O açoite com vara de bambu é aceito em forma de purificação.

*Conclusão I: OU NOS VEREMOS TODOS NO INFERNO OU VAI FALTAR BAMBU NO MUNDO! *
**
*Conclusão II: SE ALGUÉM PRECISAR DE BAMBU, LÁ EM CASA TEM, MAS EU NÃO USO.
**
*Conclusão III: SAL GROSSO E VINAGRE? VAI TRANSAR OU VAI FAZER CHURRASCO?

PIADA. Pode rir, pois esta até o diabo tá rindo da cara deles!

AVE LÚCIFER!

Tempo de Decomposição

Quando for consumido o fruto da última árvore e envenenado o último rio, o homem descobrirá que dinheiro não se come. "
C. Drummond de Andrade

Tempo de Decomposição:
-Papel= 3 meses;
-Cx.papelão= no mínimo 6 meses;
-Pano= de 6 meses a 1 ano;
-Filtro de cigarro / Chiclete= 5 anos;
-Madeira pintada= 13 anos;
-Bóia de isopor= ~/= 80 anos;
-Garrafa plástica / Latinha de alumínio= mais de 100 anos;
-Linha de pesca= mais de 600 anos;
-Vidro= 1milhão de anos;
-Pneu=ninguém sabe!

Visão do Inferno!



Deus salve a América do Sul do retrocesso, da ditadura, do populismo, da guerrilha, do terrorismo.
Que a verdadeira Democracia seja suprema e que nossos povos não se deixem corromperem por migalhas e nem se iludam com falsas promessas.Vamos lutar por nossos direitos que não retornam já que nossos deveres no pagamento dos impostos temos de trabalhar 05 meses no ano para pagá-los. Vamos lutar por uma: Educação completa até o ensino Superior, Saúde, Saneamento Básico, Moradia, Trabalho e Previdência Social.
Não se iludam!

Vamos rir um pouco...

NO PUTEIRO

Um jornalista do Correio Brasiliense descobre que existe um puteiro em
Brasília, ao qual vão todos os políticos, e decide investigar.
Fala com a cafetina e pergunta:
- FHC vinha aqui?
- Sim, claro! Dava gosto, um cavalheiro! As melhores meninas, o melhor
champanhe, as melhores gorjetas. Cada vez que vinha, era uma festa!
- Guido Mantega vem?
- Sim! Mas não é a mesma coisa. Sempre pede desconto, nunca pede
champanhe, nunca está de acordo com a conta, sempre se queixa e nos ameaça
com mais impostos.
- Gabeira... também vem?
- Sim, mas não procura meninas e, sim, meninos.
- E a Dilma?
- Bem... essa é o contrário: procura meninas e não meninos.
- E o Lula?
- Também vem, mas esse fica só um pouquinho.. Entra, bebe um copo de
cachaça, dá um beijo na mãe e sai.

terça-feira, 8 de junho de 2010

OSSÃE


OSÁNYÌN

Osányìn é originário de Iraô (Nigéria) perto da fronteira com o ex – Daomé.
É a mágica das folhas, tornando mágica, também, sua convivência com os seres humanos. É o Orixá das folhas. Divindade da Medicina. Senhor do conhecimento místico e curativo das ervas. Sem este Orixá nada se faz na religião dos Orixás, Kosi Ewé, Kosi Òrìsà (Não tem folha, não tem Orixá). Seu assento, como o de ÈSÙ é obrigatório em todos os templos.

Mitologia: Filho de Nàná e irmão de Omolú, Òsùmàrè e Ewá. Sempre foi muito circunspecto, introvertido e pensativo. Ainda jovem, partiu para a floresta – que sempre o atraiu – e lá estudou as plantas, as árvores e aprendeu o segredo das ervas, cuidando dos animais feridos e fazendo experiências.
Deteve, assim, o domínio do poder das ervas. E sempre que algum outro Orixá precisa-se de alguma planta ou ervas devia, em primeiro lugar, pedir autorização a ele, Osányìn, O SENHOR DO VERDE.

Lenda: Foi Orunmilá quem deu nome a todas as folhas. Assim Orunmilá nomeou todas as folhas naquele dia. Ele disse, você Ossãe carregue todas as folhas para a terra, volte, e iremos para terra juntos. Foi assim que Orunmilá entregou todas as folhas para Ossãe naquele dia. Foi ele quem ensinou a Ossãe o nome das folhas apanhadas.
Olodumaré deu a Ossãe todo o poder das folhas, o qual ele guardava em uma cabaça
pendurada em um galho de árvore.

Um dia Xangô se queixou a sua mulher Oyá (Iansã), deusa dos ventos, que só Ossãe conhecia o segredo de cada uma das folhas e que os demais Orixás estavam no mundo sem possuir nenhuma planta. Oyá levantou sua saia e agitou-a, um vento violento começou a soprar e derrubou a cabaça de Ossãeno chão quebrando-a.

Ossãe, ao perceber o que aconteceu, gritou – Ewéo! (Oh! As folhas! As Folhas!) Eu Eu o, mas não pôde impedir que os demais Orixás pegassem as folhas e as dividisse entre eles, mas os Orixás não tinham o conhecimento das ervas e até hoje precisam de Ossãe para usá-las em seus rituais, ficando seu Segredo a salvo.
Precauções: Tomar, sempre, muito cuidado com o mar, com lugares altos, com eletricidade e com multidões. Há sempre o perigo com doenças mentais.

Elemento: Terra.

Dia da Semana: Terça – feira.

Semana Yorubá: Ojo Isegun.

Cor: Verde, Preto e Branco.

Saudação: Assá Ô, Ewé Agê.

Adorador: Olosányìn.

Metal: Cobre.

Mineral: Turmalina.

Pedra Preciosa: Esmeralda.

Profissão: Medicina, veterinária, farmácia, astronomia, física, química, geologia, biologia.

Poder: Defensor da Saúde.

Força da Natureza: Flora (dono do segredo de todas as folhas), defensor da saúde e conhecedor das folhas, com fins litúrgicos e medicinais.

Fruto: todos os frutos silvestres, abóbora e obí.

Comidas Secas: Feijão preto, feijão fradinho, milho branco, milho vermelho, akasas, mel e fumo de corda. Gosta muito, também de pinga com mel.

Aves: Galos, frangos arrepiados, galinhas de angola e pombos.

Quadrúpedes: Bodes.

Èèwó: Sangue.

Flor: Palmas e Croton.

Símbolos: Cajado em forma de árvore; ferro de 7 pontas, sendo que a haste central é maior, encimada por um pássaro e contornada pelas outras 6 hastes; símbolo este que representam as 7 árvores em que as Iya Mi pousaram.

As 07 Árvores escolhidas pelas Iyá Mi Eleiés:

1. Orobô (Luô): Vida longa e vitória sobre todas as coisas. Resposta positiva.
2. Arerei: Não terá sossego nem prazer; tomaremos tudo; pouco vai conseguir dormir...; não terá sorte no amor.
3. Ose: Tudo o que a pessoa quiser para o bem, lhe será dado pelas Iyamis. Tudo, tudo!
4. Ìrokò: Estaremos meditando, meditando, pensando muito sobre o que fazer. Sim ou não? Talvez.
5. Iyá: Se for caso de saúde ou risco de vida? Não há esperança! Mandaremos para o orum.
6. Obobo: Caso alguém estiver jurado de morte, este alguém será perdoado...
7. Assurim: Caso consiga nos encontrar sobre esta árvore, que sorte a de quem pergunta! Daremos tudo, tudo, sem pestanejar!

Indumentária: Verde, Branco, Verde claro, palha da Costa e folhas de várias espécies.

Ritmos: Agere, Ilu, Ìjèsà, Hamunyia.

Folhas: Todas as folhas sem exceção, antes de pertencer a qualquer Orixá, pertencem a este Orixá, Senhor Supremo da Flora.
Patioba - Xanthosoma athovireus Koch et Bouche APACEAE - Patióba.
Àbàrá òkè – Vanilla palmerum Lind. , ORCHIDACEAE - Baunilha de nicuri.
Akòko – Nerubouldia laevis Seem . , Bignoniaceae – Akoko.
Àrìdan – Tetrapleura tetraptera Taub. , LEGUMINOSAE – Aridã.
Ewé Bojútónà – Phyllantus niruri Hit. , EUPHORBIACEAE – Quebra-Pedra.
Ewé Lárà Funfun – Ricinus communis L. EUPHORBIACEAE – Mamona / Carrapateira.
Ewé Lárà Pupa – Ricinus sanguneus Hoot. EUPHORBIACEAE – Mamona vermelha.
Ewé Okówò - Drymaria cordata Willd , CARIOPHYLACEAE – Erva-vintém.
Ewé Òwérén-jèjé – Abrus precatorius L. , LEGUMINOSAE – Jequiriti.
Ìtá – Eugenia uniflora L. , MIRTACEAE – Pitangueira.
Obi – Cola acuminata Schott & Endl. , STERCULIACEAE – Obi.
Ogbó – Periploca nigreceus Afzel , ASCLEPIADACEAE – Obó.
Órógbó – Garcinia kola Heckel , GUTIFEREAE – Orobô.
Sení – Polygala paniculata A . W . Bennett , POLYGALACEAE – Barba de S. Pedro.
Ígún – Solanum paniculatum L. , SOLANACEAE - Jurubeba roxa.

Arquétipo: O arquétipo dos filhos de Osányìn é o das pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlarem seus sentimentos e emoções. Daquelas que não deixam suas simpatias intervirem nas suas decisões ou influenciarem as suas opiniões sobre as pessoas e acontecimentos. É o arquétipo dos indivíduos cuja extraordinária reserva de energia criadora e resistência passiva ajudam-os a atingir os objetivos que fixaram. Daqueles que não tem uma concepção estreita e um sentido convencional da moral e da justiça. Enfim, daquelas pessoas cujo julgamento sobre os homens e as coisas são menos fundados sobre as noções de bem e de mal do que sobre as eficiências. Sào frágeis, saúde delicada, sonhadores, esquisitos e desligados preservam a liberdade, prestativos, carentes, desinteressados, ligados à família, mas gosta de viver de forma independente.

Frase: Ewe nje (folha funciona)
Ogun nje (remédio funciona)
Ogun ti o je (remédio que não funciona)
Ewe re ni ko pe (é por que tem folha faltando)

Cargo do Ilé Osányìn: Babalossain.
Igbá Ossain Fotografia Pierre Verger - Salvador - BA.
Sincretismo: São Benedito.

Arte: Eleié - objeto - Mestre Didi - Salvador - BA.

Lei CAÓ


LEI 7.716/89 - Lei CAÓ

LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989.

Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Nota: Assim dispunha o artigo alterado:

"Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor."

Art. 2º (Vetado).

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.

Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.

Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador.
Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço).

Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
Pena: reclusão de três a cinco anos.

Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabelereiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.
Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.

Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.

Art. 15. (Vetado).

Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.

Art. 17. (Vetado)

Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.

Art. 19. (Vetado).

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.

§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:

I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;

II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.

§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido.(Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.459, de 13.05.1997)

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (Renumerado pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário.


Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e 101º da República.



UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
PROAFRO - PROGRAMA DE ESTUDOS E DEBATES DOS
POVOS AFRICANOS E AFRO-AMERICANOS